sexta-feira, 30 de novembro de 2007

CARLÃO METE A BOCA

Leiam porque vale a pena o desabafo do Carlos Reichenbach...

"Como bem afirmou a montadora Cristina Amaral, após o impacto da premiação de Brasília 2007, festival de cinema brasileiro que envolve dinheiro na premiação, está virando turfe, com direito a rixas entre pangarés (nas quais eu me incluo) e até a claque contratada e organizada (na qual eu nunca me incluí). Cometi a mesma besteira que fiz com GAROTAS DO ABC, e aceitei (convencido por pessoas próximas) entrar na competição de Brasília. Acho que a cuspida que me deram (se não foi coisa pior) foi mais que merecida".
(...)

"Sei que a decisão é injusta para com os técnicos e atores que irão trabalhar comigo futuramente, mas eu prometo: de festival brasileiro com prêmios em dinheiro, meu caro Nirton, eu não participo nunca mais!".

"EM TEMPO - Gostei demais de CLEÓPATRA, MEU MUNDO EM PERIGO e ANABAZYS."

Esse é o Carlão, assim como Julio Bressane, um mal necessário ao cinema.

E vamo que vamo.

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

AINDA SOBRE SCHENATTO

O Márcio Schenatto foi a Flõ com outro curta, além do "Kylmair".

"Menino Lipe, Cachorro Sabão", estranho filme singelo sobre um menino e seu cãozinho, falado em dialeto, preto e branco, e coisa e tal, foi comparado pela Bia Werther, inventora do Flõ, com os filmes do Truffaut.

Mas áaah!

VENCEDORES DE BRASÍLIA

Saiu a lista dos vencedores do 40º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. Bressane foi vaiado pelo prêmio de melhor filme por "Cleópatra". Não via inda, mas tem jeito de que vou gostar.

De tabela, Alessandra Negrini, a Cleópatra, também foi vaidada pelo prêmio de melhor atriz.

Já o melhor filme pelo júri popular foi para "Chega de Saudade", de Laís Bodansky, que levou ainda o de melhor direção.

O cinemeiro de poesia, Joel Pizzini, ganhou o prêmio especial do júri, por "Anabazys".

PRÊMIOS OFICIAIS - TROFÉU CANDANGO

LONGA-METRAGEM 35MM
Melhor Filme – R$ 80.000,00
CLEÓPATRA, de Julio Bressane

Melhor Direção - R$ 20.000,00
LAÍS BODANSKY por Chega de Saudade

Melhor Ator – R$ 10.000,00
EUCIR DE SOUZA por Meu Mundo em Perigo

Melhor Atriz - R$ 10.000,00
ALESSANDRA NEGRINI por Cleópatra

Melhor Ator Coadjuvante – R$ 5.000,00
MILHEM CORTAZ por Meu Mundo em Perigo

Melhor Atriz Coadjuvante - R$ 5.000,00
DJIN SGANZERLA por Falsa Loura

Melhor Roteiro – R$ 10.000,00
LUIZ BOLOGNESI por Chega de Saudade

Melhor Fotografia – R$ 10.000,00
WALTER CARVALHO por Cleópatra

Melhor Direção de Arte – R$ 10.000,00
MOA BATSON por Cleópatra

Melhor Trilha Sonora – R$ 10.000,00
GUILHERME VAZ por Cleópatra

Melhor Som – R$ 10.000,00
E ainda Prêmio Dolby: consiste na licença para usar o sistema de som Dolby (equivalente a 4 mil dólares)
LEANDRO LIMA por Cleópatra

Melhor Montagem - R$ 10.000,00
RICARDO MIRANDA por Anabazys

PRÊMIO ESPECIAL DO JÚRI
ANABAZYS, de Paloma Rocha e Joel Pizini

CURTA-METRAGEM EM 35MM
Melhor Filme - R$ 20.000,00
TRÓPICO DAS CABRAS, de Fernando Coimbra

Melhor Direção – R$ 10.000,00
LEONARDO LACCA por Décimo Segundo

Melhor Ator – R$ 5.000,00
WOLNEY DE ASSIS por Enciclopédia do Inusitado e do Irracional

Melhor Atriz – R$ 5.000,00
LARISSA SALGADO por Trópico das Cabras

Melhor Roteiro – R$ 5.000,00
CAMILO CAVALCANTE por O Presidente dos Estados Unidos

Melhor Fotografia – R$ 5.000,00
LULA CARVALHO por Trópico das Cabras

Melhor Montagem – R$ 5.000,00
LUIZ GUIMARÃES DE CASTRO por Eu sou assim – Wilson Batista

CURTA OU MÉDIA OU LONGA-METRAGEM EM 16MM
Melhor Filme – R$ 15.000,00
CONVITE PARA JANTAR COM O CAMARADA STALIN, de Ricardo Alves Junior

Melhor Direção – R$ 10.000,00
RICARDO ALVES JUNIOR por Convite para jantar com o Camarada Stalin

Melhor Ator – R$ 5.000,00
ARDUINO COLASSANTI no filme Esconde Esconde, de Álvaro Furlan

Melhor Atriz – R$ 5.000,00
SUZANNA KRUGER no filme Esconde Esconde, de Álvaro Furlan

Melhor Roteiro – R$ 5.000,00
ALVARO FURLONI, pelo filme Esconde Esconde

Melhor Fotografia – R$ 5.000,00
TOMAS PERES SILVA, Convite para jantar com o Camarada Stalin, de Ricardo Alves Junior

Melhor Montagem – R$ 5.000,00
MARINA MELIANDE, por O LABIRINTO, de Gleysson Spadetti

Premio Especial do Júri para O CRIADOR DE IMAGENS, de Diego Hoefel e Miguel Freire

Menção Honrosa para SISTEMA INTERNO, de Carolina Durão

PRÊMIO JÚRI POPULAR
Melhor longa-metragem em 35mm – R$ 30.000,00
CHEGA DE SAUDADE, de Laís Bodansky

Melhor média ou curta-metragem em 35mm – R$ 20.000,00
EU SOU ASSIM - WILSON BATISTA, de Luiz Guimarães de Castro

PRÊMIO DA CRÍTICA
Troféu Candango

Melhor Longa 35mm
Pela excelência de uma realização que evidencia a disposição em correr riscos, a exemplo da ousada concepção da trilha sonora, da câmera e da fotografia, o prêmio da crítica em longa-metragem 35mm vai para:
MEU MUNDO EM PERIGO, de José Eduardo Belmonte

Melhor Curta 35mm
Pelo apuro de sua montagem, a força da expressão de seus personagens e os contrastes de sua história sobre a desconstrução de um amor exaltado pela melancolia de uma viagem silenciosa pelo abismo cotidiano, o prêmio da crítica em curta-metragem 35mm vai para:
TRÓPICO DAS CABRAS, de Fernando Coimbra

terça-feira, 27 de novembro de 2007

SALVE KYLMAIR, SALVE SCHENATTO

Um dia eu conto a verdadeira história do encontro (nada libidinoso) entre Kylmair, mais conhecido como Ligeirinho, e o videasta Márcio Schenatto. Mas isso só quando eu tiver um tempo pra ficar divagando.

Agora é hora de informação, e informação tem prioridade. O documentário "Kylmair", dirigido por Márcio Schenatto ganhou mais um prêmio. Foi eleito como o melhor filme pelo júri popular no Flõ - Festival de Porto Alegre.

LISTA DOS PREMIADOS:

- Ciber Espaço (Júri on Line): **BLOOD BROTHERS**, Maurício Fröhlich, Dois Irmãos-RS

- Prêmio 'Imersão': **SUBJETIVO**, de Erasmo Alcântara de Goiânia-GO

- Prêmio 'Sonidos' (Casa dos Cantos oferece estúdio pra gravação e edição de trilha para um curta):
**PORCOS NÃO OLHAM PARA O CÉU**, de Daniel Marvel, Gravataí-RS

- Prêmio 'Sujeira'': **O QUE SERÁ DA TV DIGITAL?**, de Adriana Veloso,Marcelo Reis e Richardson Pontone, BH-MG

- Prêmio 'Pequisa': **CASCADURA**, de Felipe Cataldo e Godot Quincas

- Prêmio 'Ousadia e Risco': Vídeo Terrorismo, de Vinicius Cabral, BH-MG

- Prêmio 'Contribuição'(TeleImage oferece 5 horas de Telecine Off Line e 10 horas de Edição de Som):
**NOTURNA**, Felipe Vernizi, Caraguatatuba-SP.

- Prêmio 'Inovação' (APEMA Porto Alegre oferece 5 mil reais em serviços para até 5 diárias):
**LULA A DORÉ**, Rafael Schiliting, Florianópolis-SC

- Prêmio 'Filme de Aluno': **UM FILME CHAMADO SFINCTER', Zeca Brito, Porto Alegre - RS

- Prêmio do Júri Popular: **KILMAIR** - de Marcio Schenato - Caxias do Sul-RS

- PRÊMIO ESPECIAL DO JÚRI:
O FILME DO FILME ROUBADO DO ROUBO DA LOJA DE FILMES - Marcelo Yuka, Júlio, Pecly e Paulo Silva, RJ-RJ
GALÁPAGOS - Fernando Secco, Niterói-RJ
ETERNAU - Gustavo Jahn, Florianópolis - SC
CLACK BOOM - Bruno Graziano, SP-SP

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

PAMPA ESTRANHO PAMPA QUE DE CERTA FEITA ESCONDIA BLAU

Se Blau Nunes anda divagando pampa afora, ninguém sabe. Nem mesmo André Costantin, documentarista caxiense que recém lançou "Blau Nunes, O Vaqueano", seu segundo filme selecionado pelo prêmio DOC TV. O documentário será exibido hoje (15/10) e amanhã (16/10), às 20h, na Sala de Cinema Ulysses Geremia (Centro de Cultura Ordovás, em Caxias). A entrada é franca.

"Blau Nunes, O Vaqueano" poderia ser só uma tentativa de personificar essa mítica figura que ninguém sabe se existiu ou foi só um espectro de Simões Lopes Neto. Só isso bastaria. No entanto, Costantin vai mais além. Aproxima dois distantes universos. Aproxima as contradições daquele passado poético e lendário de Lopes Neto (ou seria Blau Nunes?) com o tempo atual, e estabelece um diálogo com esse gaúcho estranho, que mesmo à cavalo parece léguas distante do pampa.

Blau é retratado nesse descampado. Solito. Crava o pé na pedra, acomoda o cotovelo no joelho, a mão no queixo, e olha ao longe, procurando uma pista qualquer do sentido do gaúcho. Um ator interpreta Blau, que interpreta o pampa sob a luz de Simões Lopes Neto, que é revisto por Costantin na voz de Vitor Ramil. É inquieta e reveladora a construção dessas múltiplas vozes. Mais delirante ainda é o diálogo entre duas fortes e determinantes imagens:

1) daquele pampa dos raios de sol atravessando as densas nuvens, de Blau;

2) da Pelotas (terra que parece perdida no tempo) chuvosa e serena, de Ramil;

A primeira, é recriada por Costantin. É aquela densa imagem do pampa que não precisaria ser filmada, porque todos, que de alguma forma, tiveram um mínimo contanto com a cultura gaúcha, têm impregnada na retina. O horizonte sem fim, enquadrando nos limites do céu nebuloso, acima, e da grama verde, abaixo. O gaúcho valente, guerreiro e truculento, ou o gaúcho apaixonado, acolhedor e honrado, só existe na memória de Blau. E passa a reencarnar na memória do espectador quando Costantin nos revela Blau nesse descampado do pampa do passado.

A segunda imagem nasce do olhar de Costantin pelo nosso tempo, seja da Pelotas (perdida no tempo) ou de Porto Alegre (mais veloz do que o próprio tempo). Começa por Pelotas, seguindo Ramil e sua estética que vem impregnada no tênis (não nas botas de couro) e arrasta-se pela América Latina. Entre as poças d'água na calçada, Ramil narra um certo desconforto, tenta reatar a lucidez perdida em alguma estância. Mas é mais poesia do que verborragia. É a imagem desse novo tempo, rápida, abrupta, câmera inquieta na mão, enquadramento relapso, passo ligeiro, chuva fina, sem fim.

Transitando entre esses dois cenários, do passado contemplativo, ao futuro vertiginoso, Costantin dá voz às histórias contadas por Blau Nunes (ou seriam documentadas por Simões Lopes Neto?). São colagens de depoimentos de gaúchos de todas as querências pontuadas pelo texto do escritor. Histórias de amor e morte, sem a tresloucada passionalidade de Julio Reny, mas com a veracidade do sangue escorrendo da ponta da faca. Tudo é verdade e ficção ao mesmo instante poético. Mesmo aquele amor conquistado com bravura, pode ser só um delírio de Blau Nunes.

Delírio ou não, Costantin não tem medo de revelar o truque que nos prende ao filme. Não é como chegar ao fim de uma jornada e perceber que não andamos um centímetro sequer. É mais denso e profundo, é dar-se conta da finitude do mito. Nem por isso, do seu completo esquecimento. No entanto, Blau segue, e seguirá eternamente, sendo velado à sombra de algum arranha-céu de alguma cidade desse rincão chamado Rio Grande. E nem mesmo a música de Ramil vai despertá-lo.

"Blau Nunes, O Vaqueano". De André Costantin. 52min, 2007.
Co-produção: André Costantin / Transe Imagem / TVE - RS / Fundação Padre Anchieta - TV Cultura

Publicado no blog Primeira Fila da Zero Hora, em 15 de outubro. Republicado aqui, por solicitação de butequim.

DIRETOR GAÚCHO PREMIADO NA ESPANHA

Rafael Figueiredo levou o prêmio de melhor diretor pelo curta-metragem "A Peste da Janice", sábado, na 33ª edição do Festival do Cinema Iberoamericano de Huelva, na Espanha.

Outros brazucas também foram premiados. "O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias", de Cao Hamburger, ganhou o Prêmio Especial do Júri; e Leonardo Medeiros foi escolhido o melhor ator, pelo filme "Não por acaso".

Enrique Fernández e César Charlone (meio-brasileiro, meio-uruguaio), receberam o prêmio de melhor roteiro original por "O Banheiro do Papa", co-produção entre Uruguai, Brasil e França.

Os longas-metragens premiados
* Melhor Filme: 'Luz Silenciosa', de Carlos Reygadas (México/França/Holanda)
* Prêmio Especial do Júri: `O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias' de Cao Hamburger (Brasil)
* Melhor Filme de Estréia: 'Maldeamores', de Carlos Ruiz y Mariem Pérez (Porto Rico/Reino Unido)
* Melhor Direção: Carlos Reygadas por 'Luz Silenciosa' (México/França/Holanda)
* Melhor Ator: Leonardo Medeiros por 'Não por acaso' (Brasil)
* Melhor Atriz: Sofía Gala por 'El Resultado del amor', de Eliseo Subiela (Argentina)
* Melhor Roteiro Original: Enrique Fernández e César Charlone por 'O Banheiro do Papa`(Uruguai/Brasil/França)
* Melhor fotografia: Paula Grandío por `La León', de Santiago Otheguy (Argentina)

Os curtas premiados
* Melhor Curta: 'Juanito bajo el naranjo', de Juan Carlos Villamizar (Colômbia)
* Melhor Direção: Rafael Figuereido por 'A peste da Janice' (Brasil)
* Melhor Roteiro: Ana Paulina por 'Una muerte menor' (México)

40 ANOS EM 10 CURTAS

Só pra variar o Festival de Brasília faz tudo o que sonha vossa vã filosofia. Ou ainda: mais uma lição de Brasília para Gramado.

Na 40ª edição, Brasília lança o DVD "Festival de Brasília: 40 anos em 10 curtas" contendo os 10 melhores curtas-metragens exibidos no festival. Lógico, é a lista dos 10 curtas que os curadores, o cineasta Vladimir Carvalho, o jornalista Sérgio Moriconi e o coordenador geral do Festival, Fernando Adolfo, acreditam ser a melhor seleta da sua história. E com certeza vai ter muuuuita gente reclamando a falta deste ou daquele.

O certo é que o DVD é um documento importante e que acaba por registrar não só diferentes fases do curta-metragismo, bem como a trajetória do Festival de Brasília. O projeto conta com o apoio do Fundo Nacional de Cultura do Minc, viabilizando a produção de 1.200 DVDs que serão distribuídos gratuitamente em todo o país.

FILMES DO DVD

DÉCADA DE 60
"Blá... Blá... Blá...", de Andréa Tonacci. Ficção, p/b, 30min, SP, 1968
"À João Guimarães Rosa", de Roberto Santos. Documentário, p/b, 14min, SP, 1969

DÉCADA DE 70
"Simitério do Adão e Eva", de Carlos Augusto Calil. Documentário, cor e p/b, 19 min,SP, 1975
"Brinquedo Popular do Nordeste", de Pedro Jorge de Castro. Documentário, cor, 25min, DF, 1977

DÉCADA DE 80
"Meow", de Marcos Magalhães. Animação, cor, 8min, RJ, 1981
"Porta de Fogo", de Edgard Navarro. Ficção, cor, 27min, BA, 1985

DÉCADA DE 90
"Maracatu, Maracatus", de Marcelo Gomes. Documentário/ficção, cor, 14min, PE, 1995
"Mr. Abrakadabra!", de José Araripe Jr. Ficção, p/b,13min, BA, 1996

DÉCADA DE 2000
"Rua da Amargura", de Rafael Conde Ficcão, cor, 15min, MG, 2003
"Rap, O Canto da Ceilândia", de Adirley Queiroz. Documentário, cor, 15min, DF, 2005

Mais no site do projeto: www.cultvideo.com.br