Pra quem não sabe e sei lá se interessa...eu estava em Buenos Aires. Fui a passeio. Mas aí, sabicumé, conversa vai, conversa vem, conheci uns hermanos meio locos e cerveja vem, cerveja vai e topei um trabalho. Não me disseram do que se tratava e topei porque senti um tom de máfia no lance.
Esse papo notívago foi lá na sexta-feira. Por volta do domingo, ou madrugada de segunda, reencontrei os hermanos. Na mesma mesa do mesmo bar. Botaram 50 pesos na mesa e disseram "até amanhã".
Ô belezura. Enfim, conseguiria pagar as diárias atrasadas do hotel. Paguei, não pedi nota, por isso ganhei desconto.
Segunda-feira, às 7h, lá estava eu, sentado na sarjeta de uma das ruas mais movimentadas de Buenos Aires. Joguei a latinha de Quilmes no lixo mais próximo. De arremesso, claro. A la Magic Johnson depois de umas biras a mais. Quicou no aro, mas entrou. Enfim, os caras vieram. Quando dei por conta estava no meio da muvuca filmando um comercial de televisão de sei lá o que em Buenos Aires. Caraio...e de assistente de direção de fotografia. Putz, até miope eu sou e os caras confiaram a mim a responsabilidade do foco!
Quando a confusão cessou, lá pelas 17h, os caras me chamaram. Botaram mais 400 pesos na minha mão, me deram uma quilmes bem gelada e cairam fora. Quando dei por mim, só tinha eu e um monte de lixo espalhado pela rua. Fui direto pro hotel. Caí na cama como um cabrito depois do coice, antes da morte.
Acordei na madrugada com a televisão ligada e um compacto de River e Racing rolando. Vesti o que apareceu pela frente e fui desbravar a madrugada em Buenos Aires. Peguei um táxi e fui pro centro de tudo, perto do obelisco. Encontrei uma lancheria aberta e pedi duas Quilmes. Duas, de uma tacada só. Ofereci pro Don Diego Maradona que tava sentado do meu lado. Bebemos juntos só aquela Quilmes, porque depois do primeuro gole o cara caiu de costas no chão. Putz veio até ambulância, enfermeiro, que merda. Só na Argentina pra bêbado receber tanto carinho.
Pedi pro chefe da especunca se me venderia uma garrafa de uísque. Ele riu da minha cara. Bati no balcão e repeti: "quanto custa a garrafa de Jack Daniels?, ou vai dizer que nesta merda tem Wild Turckey?" Tomei um tabefe na orelha de ficar zunindo dois dias. Não tem problema, atravessei a rua e fui comprar uísque no primeiro posto de combustível que encontrei. Na verdade eles não vendiam uísque... Acabei comprando Ypióca. Sério... O posto era de um brasileiro que adora fuder argentino. Me fez 50% de desconto na garrafa e me indicou um bom bar de jazz em Buenos Aires.
Bebi metade da garrafa com ele e deixei o resto lá, pra ele beber com os frentistas, todos do interiro de São Paulo. E torcedores ferrenhos do Juventus. Ô gente boa. Camisa da mesma cor do glorioso Caxias. Força Grená.
Fui enfim pro bar de jazz, de táxi porque não entendi merda nenhuma onde ficava o bar. Cheguei lá e encontrei o meio irmão do Charlie Parker. Um negão de 2m, magro como a Olivia Palito. Tocava uma corneta como poucos. Depois do show pedi pra ele se podia pagar uma bebida pra ele. Me respondeu que sim. Puta que los pariu. O cara é de Sergipe. Mentiu pra todo mundo naquela porra de bar que era gringo, e meio-irmão do Charlei Parker.
Mentiu tudo, mas em nome do jazz vale tudo. Depois daquela pedi a conta. Deixei ali metade do cachê que faltava pra liquidar a fatura e voltei quase liso pro hotel. O resto? Bem, o resto é quase nada perto do que foram esses 4 dias em Buenos Aires.
Agora chega, preciso fazer a janta.