sexta-feira, 24 de outubro de 2008
curta o curta de estréia do samu
Em Caxias tem o Samu. É só ligar para qualquer emergência. Não importa o que. Desde crise de asma até bebedeira. Ou mesmo crise amorosa. É tudo com o Samu. Ele mora lá em Loreto, perto da Colônia do Scopell.
E não é que o Samu, experiente montador, agora vai estrear como diretor? Samuel Bovo, ao lado de Lissandro Stallivieri, lançam dia 3 de novembro o curta Finados, em três sessões, às 20h, 20h30min e 21h, no Centro de Cultura Ordovás.
Confere aí o trailer:
Fui
Suerte Samu.
E não é que o Samu, experiente montador, agora vai estrear como diretor? Samuel Bovo, ao lado de Lissandro Stallivieri, lançam dia 3 de novembro o curta Finados, em três sessões, às 20h, 20h30min e 21h, no Centro de Cultura Ordovás.
Confere aí o trailer:
Fui
Suerte Samu.
quarta-feira, 22 de outubro de 2008
tio ivo
Perde tempo nessa vida quem ainda não conhece o Tio Ivo. Alguém ainda lembra do Sean Connery, o eterno OO7? Pois bem, imagine o Sean daqui 10 anos...é o Tio Ivo, em pele e osso. Chapéu de lorde inglês aposentado, barba rala e branca, cabelo também ralinho e branco. Ah, e o mais interessante: suspensório.
O Tio Ivo veio almoçar aqui em casa. Trouxe de baixo do braço O Sul. Preferia Zero Hora, mas não encontrou. Chegou aqui em casa e bateu o olho num jornal do Litoral Norte. Folheou. Bateu o olho no editorial e ficou p* da vida. Ficou sabendo da palhaçada que foi a eleição em Torres. Denúncias de compra de voto, empréstimo de título de eleitor (por 100 pilas), engajamento de fucinonários da Brigada Militar, CEEE e DAER..., e etc. Mesmo com vídeos e fotos pra confirmar a denúncia, nada adiantou. O candidato que se beneficiou desse rolo todo, venceu.
Sentado à mesa, esperando o almoço, Tio Ivo pediu um copo de vinho tinto.
– Vinho antes do almoço, Ivo? – questiona Dona Geni, esposa do Seu Ivo.
– Ué, o que que tem? E tu deveria tomar pelo menos um copo de vinho todos os dias, ou então suco de uva. Faz bem pra saúde – retrucou Seu Ivo, com toda a paciência e maroteza que a vida lhe deu.
O almoço foi de lambuzar o bigode de qualquer gringo, como eu. (Lembrem, estou cada dia mais careca e ainda de bigode). Polenta mole, frango com molho de tomate e repolho cozido (um prato clonado dos alemães, que o chamam de Chucrute - em alemão, Sauerkraut).
Bebemos pouco, nem uma garrafa de vinho tinto.
Mas o melhor do que o cardápio e o vinho, foi a presença do Seu Ivo. Sempre sorrindo, mesmo antes de beber vinho. Bem humorado, ri e nos faz rir. Tem memória mais límpida e organizada do que muito piá de merda. Seu Ivo já plantou pencas de árvores e tem 3 filhos. Só falta um livro. Histórias não faltam. Aliás, sobram lembranças. E tem mais ainda pro vir. Afinal de contas, em janeiro Seu Ivo vai fazer só 82 anos. Quer mais?
Daqui a pouco ele volta aqui. Vai jogar canastra. Se bobear vai dar um banho em todos da mesa. Sem vinho, porque aí já é demais. É muita carta na mão.
Pausa.
Eu não disse. Seu Ivo veio. E me jurou de pé junto que bebeu suco de uva. Veio dizendo isso porque tropeçou no buraco da calçada. Mas não caiu.
– Tomei suco de uva e fiquei bêbado – disse, rindo sozinho.
O Tio Ivo veio almoçar aqui em casa. Trouxe de baixo do braço O Sul. Preferia Zero Hora, mas não encontrou. Chegou aqui em casa e bateu o olho num jornal do Litoral Norte. Folheou. Bateu o olho no editorial e ficou p* da vida. Ficou sabendo da palhaçada que foi a eleição em Torres. Denúncias de compra de voto, empréstimo de título de eleitor (por 100 pilas), engajamento de fucinonários da Brigada Militar, CEEE e DAER..., e etc. Mesmo com vídeos e fotos pra confirmar a denúncia, nada adiantou. O candidato que se beneficiou desse rolo todo, venceu.
Sentado à mesa, esperando o almoço, Tio Ivo pediu um copo de vinho tinto.
– Vinho antes do almoço, Ivo? – questiona Dona Geni, esposa do Seu Ivo.
– Ué, o que que tem? E tu deveria tomar pelo menos um copo de vinho todos os dias, ou então suco de uva. Faz bem pra saúde – retrucou Seu Ivo, com toda a paciência e maroteza que a vida lhe deu.
O almoço foi de lambuzar o bigode de qualquer gringo, como eu. (Lembrem, estou cada dia mais careca e ainda de bigode). Polenta mole, frango com molho de tomate e repolho cozido (um prato clonado dos alemães, que o chamam de Chucrute - em alemão, Sauerkraut).
Bebemos pouco, nem uma garrafa de vinho tinto.
Mas o melhor do que o cardápio e o vinho, foi a presença do Seu Ivo. Sempre sorrindo, mesmo antes de beber vinho. Bem humorado, ri e nos faz rir. Tem memória mais límpida e organizada do que muito piá de merda. Seu Ivo já plantou pencas de árvores e tem 3 filhos. Só falta um livro. Histórias não faltam. Aliás, sobram lembranças. E tem mais ainda pro vir. Afinal de contas, em janeiro Seu Ivo vai fazer só 82 anos. Quer mais?
Daqui a pouco ele volta aqui. Vai jogar canastra. Se bobear vai dar um banho em todos da mesa. Sem vinho, porque aí já é demais. É muita carta na mão.
Pausa.
Eu não disse. Seu Ivo veio. E me jurou de pé junto que bebeu suco de uva. Veio dizendo isso porque tropeçou no buraco da calçada. Mas não caiu.
– Tomei suco de uva e fiquei bêbado – disse, rindo sozinho.
terça-feira, 21 de outubro de 2008
oásis tem nome e sobrenome
Fiquei muito triste em saber que a revista OÁSIS pode não ter um segundo número ainda este ano. 2009 com certeza. Na real, a OÁSIS deveria sair todo mes (perdoem a falta de acentuação em circunflexo...este pc não tem esse recurso). Quem ainda não leu não sabe o que tá perdendo.
Falando em oásis. Descobri que o oásis tem nome e sobrenome: White Sand's Beach. Supermercado vazio, repleto de silencio. Cachorros deitados a sombra, mais inertes do que as pulgas espalhadas debaixo do pelo. Mas isso é quase nada perto do baú de memórias.
Como pode um lugar como esses, desprezado por quase todos, taxado de inútil, evocar tantas lembranças. Começando pelo cheiro. Cheiro de marezia. Não...mais do que isso. Cheiro de infancia. De quando eu atravessava a praia pilotando uma Caloi azul, bem pequena. Cheiro de manhã morna, praia vazia, o sol aparecendo lá longe, dentro do mar. E eu ali, insignificante como um grão de areia, deslizando de um lado ao outro, gritando: "Zero Hora...Zero Hora". Ou então: ÓOOO...o sonho...".
E quase nada nessa vida vale mais do que banho de chuva na praia. Nem precisa ser dentro do mar. Ali na grama verde, ao lado da casa. Bola de futebol deslizando e as gotículas d'água escorrendo pelo corpo. Esgui, franzino. De tenis no pé, claro, mesmo debaixo da chuva, pra proteger das rosetas.
Depois de tudo, banho quente. Um livro pra ler até a chuva passar. Sempre lembro da casa da praia cheia de livros. Os livros do pai, os livros da mãe, os livros da mana, os meus livros. Mas as vezes eu roubava os livros da casa outra, aqueles clássicos de capa dura, que eram da coleção do pai e passava dias com sol e com chuva lendo e relendo.
O tempo passa e eu volto pra praia. A mesma praia que já foi cenário de tantas desventuras e tantos dias felizes. A mesma praia, mas parece outra. Só vira a mesma quando caio na rede e leio. Passo os mesmos dias com sol e chuva lendo. E sabes que alguns dos livros daquela infancia e adolescencia acabam voltando pro meu colo? Reler não é uma tentativa de entender, enfim. Mas de ir além. Porque o não-dito é tão ou mais forte do que o dito.
E as paredes da casa são cheias de não-ditos. Ainda bem. Quem sabe seja esse meu destino: decifrar o não-dito dos lugares mais comuns. Tão comuns, como a casa da praia, aqui mesmo, em Areias Brancas. Lugar desprezado e ignorado. E quem disse que as melhores flores nascem nos jardins mais explorados e desejados?
Falando em oásis. Descobri que o oásis tem nome e sobrenome: White Sand's Beach. Supermercado vazio, repleto de silencio. Cachorros deitados a sombra, mais inertes do que as pulgas espalhadas debaixo do pelo. Mas isso é quase nada perto do baú de memórias.
Como pode um lugar como esses, desprezado por quase todos, taxado de inútil, evocar tantas lembranças. Começando pelo cheiro. Cheiro de marezia. Não...mais do que isso. Cheiro de infancia. De quando eu atravessava a praia pilotando uma Caloi azul, bem pequena. Cheiro de manhã morna, praia vazia, o sol aparecendo lá longe, dentro do mar. E eu ali, insignificante como um grão de areia, deslizando de um lado ao outro, gritando: "Zero Hora...Zero Hora". Ou então: ÓOOO...o sonho...".
E quase nada nessa vida vale mais do que banho de chuva na praia. Nem precisa ser dentro do mar. Ali na grama verde, ao lado da casa. Bola de futebol deslizando e as gotículas d'água escorrendo pelo corpo. Esgui, franzino. De tenis no pé, claro, mesmo debaixo da chuva, pra proteger das rosetas.
Depois de tudo, banho quente. Um livro pra ler até a chuva passar. Sempre lembro da casa da praia cheia de livros. Os livros do pai, os livros da mãe, os livros da mana, os meus livros. Mas as vezes eu roubava os livros da casa outra, aqueles clássicos de capa dura, que eram da coleção do pai e passava dias com sol e com chuva lendo e relendo.
O tempo passa e eu volto pra praia. A mesma praia que já foi cenário de tantas desventuras e tantos dias felizes. A mesma praia, mas parece outra. Só vira a mesma quando caio na rede e leio. Passo os mesmos dias com sol e chuva lendo. E sabes que alguns dos livros daquela infancia e adolescencia acabam voltando pro meu colo? Reler não é uma tentativa de entender, enfim. Mas de ir além. Porque o não-dito é tão ou mais forte do que o dito.
E as paredes da casa são cheias de não-ditos. Ainda bem. Quem sabe seja esse meu destino: decifrar o não-dito dos lugares mais comuns. Tão comuns, como a casa da praia, aqui mesmo, em Areias Brancas. Lugar desprezado e ignorado. E quem disse que as melhores flores nascem nos jardins mais explorados e desejados?
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