Ó, nem vem. Se já bebeu uma vezinha na vida, não vale tocar pedra. Tá vendo a fotinho aí acima? É de um encontro na Espanha que mobilizou 20 cidades e acabou em pancadaria. Até aí, tudo bem, novidade nenhuma. O causo é que a baderna foi provocada por uma galera que queria quebrar recordes. Explico.
Um bando de jovens se reuniu em cidades espanholas na sexta-feira à noite para tentar promover um recorde de bebedeira na rua, conhecida como "botellon" (garrafão). "Botellon" é tão somente ficar na rua e beber. O saldo disso? Confrontos entre jovens espanhóis e policiais deixaram 80 feridos e 70 presos em Barcelona e Salamanca.
Olha o tamanho da muvuca: Granada (25 mil participantes), Salamanca (2 mil) e Barcelona (30 mil). E, Barça, reinado de Ronaldinho Gaúcho, 68 pessoas, incluindo 37 policiais, ficaram feridas e 54 foram presas.
Ainda em Barcelona, onde ocorreram confrontos pesados, os bombeiros foram chamados para acabar com 50 focos de incêndio. Vitrines de lojas foram quebradas e muitos estabelecimentos saqueados.
sábado, 18 de março de 2006
sexta-feira, 17 de março de 2006
coletivo shanghai - entrevista
salvatore, zuwaraj e zuzuwah
Da China e sempre de volta à China
Assim como a parábola do filho pródigo, o filho retorna a casa. Entrando e saindo de coletivos, encarando desilusão atrás de desilusão, na rabeira do provável reencontro, 4 rapazes de olhos puxados correram o mundo em busca de Wang Zu.
Ao retornarem para a pequena aldeia cravada entre as montanhas, entregaram às pessoas o legado se sua memória. Nessa dura caminhada, não só encontraram a essência de Wang Zu, como deram início a uma nova Era.
Leia a seguir uma entrevista EXCLUSIVA com Lefonque (baixo), Zuzuwah (guitarra), Zuwaraj (programações) e Salvatore (saxofone). Nela, os caras falam sobre a transitoriedade e o caos. Revelam ainda, onde andará Wang Zu.
[mugnolini] Durante esses dois anos em que vocês ficaram fora da cidade natal, correndo o mundo afora procurando por Wang Zu, que tipos de sons vocês mais se identificaram? De que região do mundo?
[lefonque] Olha, eu gostei bastante da música negra americana, aquelas linhas de baixo groovadas me seduziram.
[zuzuwah] Bom, eu gostei bastante da galera das bandas de Los Angeles do fim dos 90s, principalmente Jane´s Addiction, Porno for Pyros e Red Hot Chili Peppers. Bem violent and funky.
[zuwaraj] Curto as broken beats da Alemanha e o uk garage londrino. Fora o drum and bass, que é o retrato da periferia inglesa.
[salvatore] Pra mim, a parte da viajem mais proveitosa foi a passagem pelos clubs de jazz parisienses, que já abrigaram todas as figuras ilustres do jazz americano e mundial.
[mugnolini] Vocês acham que é importante, ou mais, imprescindível até, viver afastado dos grandes centros urbanos para compor? Vocês se sentem vivendo numa ilha? Se sentem bem de volta ao interior da China?
[zuwaraj] Hoje em dia, com o advento da banda larga, eu consigo me manter conectado com a música mundial através do meu notebook com wireless.
[lefonque] Gosto muito do barulho do vento, da natureza, da neve pesando sobre os galhos das árvores castigadas pelo inverno rigoroso chinês.
[zuzuwah] O Lefonque falou tudo, o silêncio tem um enigma, uma paz, que é imprescindível para minha criação.
[salvatore] Não concordo, pra mim quanto mais barulho, poluição e asfalto, melhor. Quero o caos sonoro!!!
[mugnolini] Essa travessia mundo afora fez de vocês ocidentais? Qual é o legado mais importante da cultura chinesa que vocês perpetuam?
[salvatore] Para onde quer que eu vá, sempre levo a China comigo. Pois é daqui que eu vim, e somos a nação do séc XXI.
[zuzuwah] Que papo mais capitalista, Sal. A China hoje anda meio ocidental, admito. Mas não dá pra esquecer que nossa cultura é milenar, somos os pais da Ásia!
[lefonque] Vocês são uns doidos, isso sim (risos).
[zuwaraj] Eu carrego comigo a leitura de 5.300 caracteres chineses. Isso ninguém me tira!
[mugnolini] E afinal de contas, o que aconteceu com Wang Zu, onde andará?
[zuwaraj] Ele se transformou em música!!!
[salvatore] É isso aí!
[zuzuwah] Um acorde dissonante menor, com 7°.
[lefonque] Eu ainda acho que ele foi pro Brasil e virou o Djavan!!!!!!
Ao retornarem para a pequena aldeia cravada entre as montanhas, entregaram às pessoas o legado se sua memória. Nessa dura caminhada, não só encontraram a essência de Wang Zu, como deram início a uma nova Era.
Leia a seguir uma entrevista EXCLUSIVA com Lefonque (baixo), Zuzuwah (guitarra), Zuwaraj (programações) e Salvatore (saxofone). Nela, os caras falam sobre a transitoriedade e o caos. Revelam ainda, onde andará Wang Zu.
[mugnolini] Durante esses dois anos em que vocês ficaram fora da cidade natal, correndo o mundo afora procurando por Wang Zu, que tipos de sons vocês mais se identificaram? De que região do mundo?
[lefonque] Olha, eu gostei bastante da música negra americana, aquelas linhas de baixo groovadas me seduziram.
[zuzuwah] Bom, eu gostei bastante da galera das bandas de Los Angeles do fim dos 90s, principalmente Jane´s Addiction, Porno for Pyros e Red Hot Chili Peppers. Bem violent and funky.
[zuwaraj] Curto as broken beats da Alemanha e o uk garage londrino. Fora o drum and bass, que é o retrato da periferia inglesa.
[salvatore] Pra mim, a parte da viajem mais proveitosa foi a passagem pelos clubs de jazz parisienses, que já abrigaram todas as figuras ilustres do jazz americano e mundial.
[mugnolini] Vocês acham que é importante, ou mais, imprescindível até, viver afastado dos grandes centros urbanos para compor? Vocês se sentem vivendo numa ilha? Se sentem bem de volta ao interior da China?
[zuwaraj] Hoje em dia, com o advento da banda larga, eu consigo me manter conectado com a música mundial através do meu notebook com wireless.
[lefonque] Gosto muito do barulho do vento, da natureza, da neve pesando sobre os galhos das árvores castigadas pelo inverno rigoroso chinês.
[zuzuwah] O Lefonque falou tudo, o silêncio tem um enigma, uma paz, que é imprescindível para minha criação.
[salvatore] Não concordo, pra mim quanto mais barulho, poluição e asfalto, melhor. Quero o caos sonoro!!!
[mugnolini] Essa travessia mundo afora fez de vocês ocidentais? Qual é o legado mais importante da cultura chinesa que vocês perpetuam?
[salvatore] Para onde quer que eu vá, sempre levo a China comigo. Pois é daqui que eu vim, e somos a nação do séc XXI.
[zuzuwah] Que papo mais capitalista, Sal. A China hoje anda meio ocidental, admito. Mas não dá pra esquecer que nossa cultura é milenar, somos os pais da Ásia!
[lefonque] Vocês são uns doidos, isso sim (risos).
[zuwaraj] Eu carrego comigo a leitura de 5.300 caracteres chineses. Isso ninguém me tira!
[mugnolini] E afinal de contas, o que aconteceu com Wang Zu, onde andará?
[zuwaraj] Ele se transformou em música!!!
[salvatore] É isso aí!
[zuzuwah] Um acorde dissonante menor, com 7°.
[lefonque] Eu ainda acho que ele foi pro Brasil e virou o Djavan!!!!!!
hoje, no zarabatana
quinta-feira, 16 de março de 2006
por amor, ana ceifou a dor
De tanto eu te falar você subverteu
o que era um sentimento e assim
Fez dele razão... Pra se perder no
abismo que é pensar e sentir.
(Rodrigo Amarante, em Sentimental)
o que era um sentimento e assim
Fez dele razão... Pra se perder no
abismo que é pensar e sentir.
(Rodrigo Amarante, em Sentimental)
Deitado no pátio. Não um pátio qualquer, mas o meu pátio, onde guardo as minhas lembranças. As memórias se esvaem como a chuva que penetra terra a dentro e some na vaguidão. Mas se recordar é viver, insisto. Silencioso, ora afoito, ora lânguido, mas persisto. Há cinco dias, às 5 horas da tarde, encaro um ritual nada convencional. Não alivia a dor, não devolve a calma, não traz ao peito a mão que ardia em desejo. Mas insisto.
Deito à sombra de uma árvore. Espero paciente o vento derrubar as folhas secas. Dançam no ar e caem sobre o meu corpo. No último resquício do dia, antes da lua invadir o céu, meu corpo todo é coberto. Folha sobre folha, embaralhadas pelo tempo. Entra a noite. Eu ali, corpo entregue à decomposição. O silêncio é quebrado pelo som das formigas transitando entre meu corpo e as folhas secas.
Não interrompo o ofício das formigas, porque elas ajudam a acelerar meu percurso. Rasgam as folhas antes do tempo real de decomposição. Cada picote, mesmo que minúsculo, abranda minha raiva, minha angústia, minha incapacidade de domar o tempo. Porque o único remédio para o desencanto é rasgar o ventre e silenciar o coração. Mesmo quando acaba, mesmo que há cinco dias isso venha se repetindo e parece nunca se aproximar do fim, ainda sinto as formigas trabalhando. Sorve um punhado delas pelas narinas.
Amanhece e o ritual precisa ser estancado, porque mesmo ávido pela decomposição do tempo, é preciso respeitar o limite do esmorecimento. A purificação do corpo em putrefação precisa de perdão. Se até a alma mais carola, se entrega à remissão dos pecados, porque um corpo como o meu, que jamais esquivou-se dos encantos do amor, mesmo àquele malfeito, sob a luz vermelha, não precisaria de um ritual de perdão?
Sexto dia. Olhos cinzas, embotados de lágrima, fitando o nada através da janela. Nada além de um punhado de folhas secas dançando num canto do pátio. Silêncio. Por amor, Ana ceifou a dor.
Conto de hoje publicado no jornal Pioneiro.
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