sábado, 2 de dezembro de 2006

a vida na máfia

Courtesy Donna Polivka Gallery

E segue o baile.

Nunca pensei que um textículo como Caetano renderia tanto. Acho que vou pra Bahia amanhã. Quem sabe encontre o Caetano dando bobeira pelo Pelourinho. Ah, claro, isso se ele conseguiu sair de Porto Alegre...

Well...Pavão Misterioro, vulgo Ah, Muleke, músico de verve asiática, mas com carapuça italiana... saúda a Máfia do Dendê. Melhor essa, da caetanada, do que a Máfia da Lancheria do Parque. Ah, mas esse é jogo que nem precisa ser jogado. Até porque a Máfia da Lancheria morreu, fechou as portas em 1987, 1988. Não mais.

Aquela Oswaldo Aranha já deu mais suco. Hoje, aquilo tudo só figura em fascículos, quem sabe para serem degustados pela Escola do Rock do Frank Jorge, instalada lá na Unisinos. Quando o assunto é máfia, pelo menos a do Dendê é Máfia, com M maiúscula. A da Lancheria, não. Aquilo foi só um ensaio, quanto muito jam session sonolenta.....ZZZZZZZZ.

Por isso, digo e repito, caro amigo Pavão Misterioso, companheiro de alguns bares (já foi no Zumzum? lá não tem ingresso...lembra que falamos sempre disso?), é bom morar aqui em Cassias. Aqui ninguém vê, ninguém dá bola, e atrás de cada moita tem um bando de gente copulando uma artezinha aqui, outra acolá. E olha que tem gente fértil deixando sua marca em cada lugar que eu não acreditaria.

Os velhos lugares ainda persistem, outros novos com cara de velho seguem enganando o mesmo público de sempre, e em meio a isso, ouço uma música ou outra com cara de lugar nenhum - essa é a dádiva. Já prometi mais de uma vez, quem sabe faça isso esse ano, e abra meu baú, contando de coração e com paixão, quem eu acho que é a diferença na cidade. Tem amigão meu que ficará surpreso por eu não citar sua banda, mas é a vida.

Será um levantamento realizado em parceria com dois elementos de quem gosto tanto que daria a vida por eles. Enquanto isso, que fique nas entrelinhas. Mas vai ter expoentes de todos os cantos, do Galleria (salve, salve) à Rodoviária.

Por isso, ainda é tempo, se você tem uma banda e não sabe o que fazer ocm a demo ou o CD ou se ninguém clica no link de vocês, essa é a chance. Eu clico. Manda aí.

Fui. Depois não vai dizer que foi preciso rumar pra Londres pra ser ouvido.

Inté.

sexta-feira, 1 de dezembro de 2006

que bom, tenho leitores

Adoro isso.

Adoro quando escrevem comentários para os posts. E fazia tempo que não me divertia tanto. Tem de tudo.

misteriosos: "sou tua consciência...volte a escrever";

queridos: "lindo texto, um amor";

xingamento: "falar mal do caetano é coisa de hippie e jornalista enrustido".

Eu acho lindo. E nem é tanto pela máxima: "falem mal, mas falem de mim". Acho lindo porque tem gente lendo. E se continuam lendo e escrevendo comentários é porque um dia desses vou me tornar leitura fundamental. Aí fudeu. Aí o mundo acaba.

Mas leiam. Não desistam.

Sobre o Caetano, me divirto muito. Acho ótimo que ele exista, senão essa MPB com cara de world music fica sem graça - muito sem graça. Primeiro, não sou hippi, nunca usei sandália de couro, muito menos acho a Tropicália um movimento estético que abriu fronteiras. Quem abriu fronteiras foi o maestro Duprat. Sem ele a Tropicália não durava uma semana.

Numa entrevista recente, Chico César disse que depois de três décadas depois o movimento perdeu seu impacto:
– Hoje, Caetano Veloso é um popstar. Gilberto Gil é apenas um grande artista. E Gal Costa virou uma senhora que se dedica a cantar bossa nova. Para os artistas mais novos, os tropicalistas viraram obstáculos para que uma nova geração surgisse ainda nos anos 80. Eles projetam uma sombra que chega a ser constrangedora hoje – alfinetou o paraibano.

E mais, Tom Zé e Torquato se foderam com essa Máfia do Dendê (Gil, Caetano, Betânia e Gal). Ah, vai dizer que nunca ouviu falar da Máfia do Dendê? Então clica aqui e vocês terãoi uma breve idéia do que se trata.

O repórter investigativo Claudio Tonolli passou parte da vida pesquisando as ações desse grupo, incluindo o Caetano.

Mas se falar mal do Caetano fosse ranço de toda a classe de jornalistas, Caetano teria voltado para Londres. Sem lenço nem documento. Mas isso é só um filme de ficção, porque 96,9% da classe de jornalistas AMA e VENERA a caetanada e esse desbunde hippie - mesmo em 2006.

inté.

terça-feira, 28 de novembro de 2006

frase do dia

foto FOLHA IMAGEM


“Você quer vencer como escritor? Então escreva em inglês,
porque português, apesar de ser uma língua bonita,
ninguém entende e quem entende
não entende de mais porra nenhuma…”

Hilda Hilst (1930-2004)

ó, coitado


Caetano veste pele porque etá com medo da primavera outonal de POA

Roubaram o Caetano. Não. Roubaram os ingressos do Caetano. Não, seu burro. Roubaram os ingressos do show do Caetano.

Só pra não dizererem por aí que só vim pra esculhambar, segue a nota oficial da Opinião Produtora, responsável pela caetanada na Capital.

"A Opinião Produtora informa que um lote de ingressos antecipados para o show de Caetano Veloso – marcado para o próximo sábado, no Pepsi On Stage – foi extraviado no final de semana. Os bilhetes já foram anulados e não serão aceitos no dia do espetáculo. A orientação para o público é comprar entradas apenas nos pontos de venda oficiais – as lojas Nacional dos shoppings Iguatemi e Praia de Belas (das 14h às 22h) e a telentrega Opinião: (51) 3228-0576 (das 9h às 12h e das 14h às 18h). Os preços variam entre R$ 40 e R$ 120, com desconto de 10% para os cartões Nacional e Nacional Premium. Informações pelo telefone (51) 3299-0900 e no site www.opiniao.com.br."

Conselho de amigo, mande a merda. Não vá ao show. É "perca de tempo" como diz meu velho tio Barbosa. No mesmo dia tenho marcado um jantar.

Na verdade, é sopa de agnoline feita pela minha vó. Se quiser ir comer sopa me liga. Se preferir o show, boa sorte. A previsão é de chuva torrencial e Caetano estará de mau humor.

ô, zé, cita a fonte

José Geraldo Couto, da Folha de São Paulo, assim como MUGNOLINI, cita Peréio ao fim de seu texto sobre a mortre de Jece Valadão.

Pô, Zém cita aí a fonte, porque MUGNOLINI postou antes.

Leia aqui o comentário do Zé.

segunda-feira, 27 de novembro de 2006

e agora, quem vai ser o canalha?

Abriu uma nova vaga no cinema brasileiro: de canalha. Com a morte há pouco, do ator, diretor, produtor, roteirista, machão, bêbado ressentido e amante arrependido, Jesse Valadão, o Brasil perde seu grande canalha. Deixa espalhados por aí, 6 ex-esposas, 9 filhos (sendo que 4 deles sequer assumiu a paternidade), outra penca de mulheres anônimas cujo dissabor foi a negação do amor.

Se bem que o velho e bom canalha Jece Valadão já tinha morrido há mais de 10 anos. Depois de conhecer Jesus, Jece largou aquela vida desregrada, o discurso de machão (nunca machista, como fazia questão de frisar), parou de fungar no cangote de qualquer mulher, parou de beber e passou a desprezar aquela penca de pornochanchadas da carreira.

– Nunca fiz pornochanchada, que é o sexo sem razão de ser. Fiz comédias urbanas eróticas baseadas na literatura. Não renego ou reprovo nada que fiz, mas não repetiria certas coisas. Bebia um litro de uísque numa sentada! O Jece Valadão morreu dez anos atrás e eu renasci espiritualmente – revelou ao jornalista Rodrigo Cardoso, em 2005.

Jece é daqueles que só foi feliz no cinema. O pouco de felicidade que teve, nos últimos anos, talvez tenha sido uma das etapas do purgatório ainda em vida. Nada mais do que isso.

O primeiro dos muitos filmes (segundo contas do próprio, entre ator, diretor e produtor foram mais de 100) foi Carnaval no Fogo (1949), de Watson Macedo. Em preto e branco, a trama misturava comédia e musical. O roteiro era de Anselmo Duarte e no elenco, artistas do quilate de José Lewgoy, Grande Otelo, Oscarito.

Jece, em "A Idade da Terra", de Glauber Rocha

No currículo, Jece podia se orgulhar de ter trabalho com alguns dos cineastas mais importantes do Brasil, como Glauber Rocha (A Idade da Terra), Nelson Pereira dos Santos (Rio 40 Graus, Rio Zona Norte e Boca de Ouro) e Ruy Guerra (Os Cafajestes).

Jece Valadão e Norma Benguel, em "Os Cafajestes", de Ruy Guerra

Jece desistiu da vida na tarde de hoje. Aos 76 anos. O coração do canalha parou às 17h20min. Algum canalha aí querendo ocupar a sua vaga? Agora, só nos resta o Paulo César Peréio, que além de canalha é o nosso eterno cafajeste.

É o fim, Jece.

Roda claquete. E manda subir os créditos.

zumzumzumzumzumzumzumzumzumzumzumzum

Ouvi por aí. Tem um zunido, um zumbido que anuncia um novo café lá pros lados da Estação.

Abre na sexta-feira, dia 1º.

Nas palavras do Rodrigo Lopes, três bons porquês de freqüentar o novo espaço:

Diferencial da casa 1: assim como em uma espécie de bazar, todo o acervo estará à venda: das cadeiras e mesas, passando pelos quadros, espelhos, luminárias, livros e objetos de decoração até os pratos e taças utilizados nas refeições. Gostou, levou!

Diferencial da casa 2: para maior conforto dos clientes e melhor atendimento, não será permitido que ninguém fique em pé.

Diferencial da casa 3: apenas música ambiente, com trilha selecionada a dedo (jazz, bossa, MPB contemporânea, chill-out, etno-lounge e down tempo).

tchó

– Eu faço os desenhos num papel quenem vocês tem em casa, às vezes até beeem pior que aquele que vocês tem em casa.

Iotti, explicando a um bando de crianças como ele desenha