* Há zumzum da mídia gaúcha para levantar ainda mais a moral do filme Em Teu Nome, de Paulo Nascimento. E não é nada velado, não. Notas favoráveis têm como objetivo ajudar a conduzir o filme além do Mampituba.
* 2009 é o ano do fortalecimento da Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Dois membros estão no Júri da Crítica, os jornalistas Ivonete Pinto e Daniel Feix.
* Briga boa e engraçada de ver de fora é a disputa pelo brilho dos holofotes no tapete vermelho. Na verdade, a briga é entre as emissoras Globo/RBS e Rede Record para ver quem expõe mais seus “astros”.
* Tem cambista vendendo ingresso para o festival. O preço médio é de R$ 50, mas quem compra pela internet tem um acréscimo de R$ 8,50. Lá fora o cambista vende por R$ 90, mas na pechincha sai por R$ 50. O cambista está querendo no mínimo empatar a despesa. É que até agora, pouca gente interessada em comprar ingresso.
* Comenta-se a boca pequena que o bom trabalho feito pela Web TV Soluções, de Caxias do Sul, como televisão oficial do festival pode render a renovação do contrato para 2010.
* É o preço da fama. Assessoria da Xuxa parece não ter gostado do tom das notas dadas à rainha dos baixinhos nos blogs do ClicRBS, empresa afiliada à Rede Globo.
sexta-feira, 14 de agosto de 2009
Depois do furacão, a sutileza desvairada
Depois do furacão Xuxa, vem a calmaria. Sai a histeria, o ilariê, o flash que ofusca, e entra a sutileza desvairada, o olhar que desvela toda sorte de cafajestes e revela um sentimento profundo de entender a vida através da janela da alma. Sai a Xuxa e sua trupe de eternos baixinhos, e entra em cena, no palco do Festival de Cinema de Gramado, um dos diretores mais importantes do cinema brasileiro, o moçambicano Ruy Guerra.
Ruy Guerra será homenageado com o prêmio Kikito de Cristal, hoje à noite, no Palácio dos Festivais. É uma graça pelo conjunto da obra, por sua relevância na produção de filmes que dão conta de dar uma cara à cinematografia brasileira. Guerra é um dos responsáveis pela revolução do cinema novo, cujo principal objetivo era revelar que Brasil é esse, suas contradições e dilemas. Movimento que tomou corpo e que vez ou outra ainda faz brotar referências América do Sul afora.
Esse olhar de Ruy Guerra, voltado às contradições, é a cara do cinema Brasileiro. Se na Argentina o filme mais visto em 2008 foi Ninho Vazio, de Daniel Burman, uma produção que retrata com sutileza a relação de uma família, mas sem tropeçar em qualquer estereótipo, aqui no Brasil temos justamente o inverso. Temos um filme como Se eu Fosse Você 2, como a maior bilheteria do ano. Felizmente, filmes como Se eu Fosse Você não vêm a Gramado.
E pior, o tapete vermelho não recebe sequer as “estrelas” (veja bem, entre aspas) que estão com suas faces estampadas nos filmes de maior bilheteria. Gramado expõe no tapete atores, que em sua maioria, estão na berlinda-temporária, superexpostos nas novelas das suas emissoras (aliás, que deliciosa briga essa da Globo/RBS e Rede Record).
Enquanto isso, lá dentro da sala escura, um público ainda tímido, com lotação média de apenas a metade da capacidade, assiste a uma boa seleta de filmes em longa-metragem. Nas sessões da noite, que contemplam os filmes brasileiros e estrangeiros em competição, destaque para La Teta Asustada, co-produção Peru/Espanha, da cineasta Claudia Llosa. O filme já tem na bagagem o peso de um Urso de Ouro, no Festival de Berlin deste ano.
Dentre os brasileiros, destaque para doc-arte inspirado na vida do artista plástico Cildo e o doc-investigação Corumbiara, sobre o massacre de índios em Roraima. Mas o filme brazuca mais comentado ainda é Canção de Baal. A diretora Helena Ignez tomou porrada e carinho no debate na manhã seguinte da exibição. Seu cinema de poesia, de risco, que deflora a inocência com um punhado de ousadia é o bálsamo nesse festival de contradições.
Hoje na tela do Palácio dos Festivais, mais dois filmes que prometem brigar pelo tão sonhado título de melhor filme de Gramado. O uruguaio Gigante, de Adrian Biniez, que revela a obsessão de um relacionamento entre um segurança e a mulher da limpeza de um supermercado, chega com a chancela do prêmio Urso de Prata, no Festival de Berlin. No lado brazuca, é aguardada com ansiedade a exibição de Corpos Selestes, de Marcos Jorge (diretor de Estômago) e Fernando Severo. O filme discorre sobre as diferenças de temperamento de um casal. Mas tudo isso sob a ótica de um astrônomo.
Ruy Guerra será homenageado com o prêmio Kikito de Cristal, hoje à noite, no Palácio dos Festivais. É uma graça pelo conjunto da obra, por sua relevância na produção de filmes que dão conta de dar uma cara à cinematografia brasileira. Guerra é um dos responsáveis pela revolução do cinema novo, cujo principal objetivo era revelar que Brasil é esse, suas contradições e dilemas. Movimento que tomou corpo e que vez ou outra ainda faz brotar referências América do Sul afora.
Esse olhar de Ruy Guerra, voltado às contradições, é a cara do cinema Brasileiro. Se na Argentina o filme mais visto em 2008 foi Ninho Vazio, de Daniel Burman, uma produção que retrata com sutileza a relação de uma família, mas sem tropeçar em qualquer estereótipo, aqui no Brasil temos justamente o inverso. Temos um filme como Se eu Fosse Você 2, como a maior bilheteria do ano. Felizmente, filmes como Se eu Fosse Você não vêm a Gramado.
E pior, o tapete vermelho não recebe sequer as “estrelas” (veja bem, entre aspas) que estão com suas faces estampadas nos filmes de maior bilheteria. Gramado expõe no tapete atores, que em sua maioria, estão na berlinda-temporária, superexpostos nas novelas das suas emissoras (aliás, que deliciosa briga essa da Globo/RBS e Rede Record).
Enquanto isso, lá dentro da sala escura, um público ainda tímido, com lotação média de apenas a metade da capacidade, assiste a uma boa seleta de filmes em longa-metragem. Nas sessões da noite, que contemplam os filmes brasileiros e estrangeiros em competição, destaque para La Teta Asustada, co-produção Peru/Espanha, da cineasta Claudia Llosa. O filme já tem na bagagem o peso de um Urso de Ouro, no Festival de Berlin deste ano.
Dentre os brasileiros, destaque para doc-arte inspirado na vida do artista plástico Cildo e o doc-investigação Corumbiara, sobre o massacre de índios em Roraima. Mas o filme brazuca mais comentado ainda é Canção de Baal. A diretora Helena Ignez tomou porrada e carinho no debate na manhã seguinte da exibição. Seu cinema de poesia, de risco, que deflora a inocência com um punhado de ousadia é o bálsamo nesse festival de contradições.
Hoje na tela do Palácio dos Festivais, mais dois filmes que prometem brigar pelo tão sonhado título de melhor filme de Gramado. O uruguaio Gigante, de Adrian Biniez, que revela a obsessão de um relacionamento entre um segurança e a mulher da limpeza de um supermercado, chega com a chancela do prêmio Urso de Prata, no Festival de Berlin. No lado brazuca, é aguardada com ansiedade a exibição de Corpos Selestes, de Marcos Jorge (diretor de Estômago) e Fernando Severo. O filme discorre sobre as diferenças de temperamento de um casal. Mas tudo isso sob a ótica de um astrônomo.
segunda-feira, 10 de agosto de 2009
coisa de cinema
Mas olha só, nem tudo é quase um filme nessa selva de Gramado.
"Memórias do Subdesenvolvimento" salvou a noite. O filme de Tomás Gutiérrez Alea, lançado em 1968 é um delicioso tapa de luva. Coloca em xeque a própria condição de Cuba como revolucionária. Mas de que e para onde - e sobretudo - por quem.
Numa primeira leitura, nem tão superficial assim, é possível identificar umas pitadas de Godard nessa película. O personagem principal não vive, ele desfila. O cara é separado, vive da renda de aluguéis e se envolveu com uma menina de 16 aninhos. Na real, ele é tudo o que o GOBIERNO REVOLUCIONÁRIO de Cuba mais odiava. Porque o cara é sensível à liberdade. Ah, essa última frase contém ironia, tá.
Mas sabe onde o filme desagua? Desagua numa teoria que é ponto central pra compreensão do flime. O nosso amigo protagonista reclama da jovem menina. Ela é gostosa e sediciosa. Tá, até aí, tudo bem. Mas o protagonista fica entediado porque ele queria uma mulher mais européia e menos caribenha. Para ele, a menina é a personificação de Cuba. Cuba subdesenvolvida.
Porque a menina é só sorrisos, quase nada de seriedade, é inconsequente, e além de tudo, não está preocupada com a questão cultural. Para o protagonista esses traços fazem de Cuba um eterno país subdesenvolvido. Porque seu povo é assim.
E qualquer semelhança com outro país das Américas aqui de baixo, dos latinos, NÃO é mera coincidência.
"Memórias do Subdesenvolvimento" salvou a noite. O filme de Tomás Gutiérrez Alea, lançado em 1968 é um delicioso tapa de luva. Coloca em xeque a própria condição de Cuba como revolucionária. Mas de que e para onde - e sobretudo - por quem.
Numa primeira leitura, nem tão superficial assim, é possível identificar umas pitadas de Godard nessa película. O personagem principal não vive, ele desfila. O cara é separado, vive da renda de aluguéis e se envolveu com uma menina de 16 aninhos. Na real, ele é tudo o que o GOBIERNO REVOLUCIONÁRIO de Cuba mais odiava. Porque o cara é sensível à liberdade. Ah, essa última frase contém ironia, tá.
Mas sabe onde o filme desagua? Desagua numa teoria que é ponto central pra compreensão do flime. O nosso amigo protagonista reclama da jovem menina. Ela é gostosa e sediciosa. Tá, até aí, tudo bem. Mas o protagonista fica entediado porque ele queria uma mulher mais européia e menos caribenha. Para ele, a menina é a personificação de Cuba. Cuba subdesenvolvida.
Porque a menina é só sorrisos, quase nada de seriedade, é inconsequente, e além de tudo, não está preocupada com a questão cultural. Para o protagonista esses traços fazem de Cuba um eterno país subdesenvolvido. Porque seu povo é assim.
E qualquer semelhança com outro país das Américas aqui de baixo, dos latinos, NÃO é mera coincidência.
de gramado - primeiras impressões
E então, tava demorando, né! Mas tô aqui, mais uma vez, na selva de Gramado. Vim pra encarar mais uma edição do Festival de Cinema de Gramado. Como escrevi no Tempo Todo, de sexta-feira, vai ser um duelo de cinema no tapete vermelho.
De um lado o fricote, o ti-ti-ti, o nhénhénhé de estrelas famosas e decadentes, de outro, o cinema, boa seleta de filmes, e a confirmação do que foi plantado em 2006. Plantio, aliás, muito bem-vindo depois da terra arrasada que o festival havia se tornado.
Felizmente, Sérgio Sanz e Carlos Avellar andam espantando a mesmice de Gramado. MÃS...(sim, com acento, pra ENFATIZAR a asneira que vou dizer) sempre tem espaço pra um filme-bobagem, sem pé nem cabeça. Tá, mas o importante é ter gaúcho na competição. Então tá valendo.
Só pra deixar mais explícito. Escrevo sobre o novo filme do Sérgio Silva: "Quase um tango". Que muita gente malvada anda chamando de "Quase um filme". Ironia pouca é bobagem.
De um lado o fricote, o ti-ti-ti, o nhénhénhé de estrelas famosas e decadentes, de outro, o cinema, boa seleta de filmes, e a confirmação do que foi plantado em 2006. Plantio, aliás, muito bem-vindo depois da terra arrasada que o festival havia se tornado.
Felizmente, Sérgio Sanz e Carlos Avellar andam espantando a mesmice de Gramado. MÃS...(sim, com acento, pra ENFATIZAR a asneira que vou dizer) sempre tem espaço pra um filme-bobagem, sem pé nem cabeça. Tá, mas o importante é ter gaúcho na competição. Então tá valendo.
Só pra deixar mais explícito. Escrevo sobre o novo filme do Sérgio Silva: "Quase um tango". Que muita gente malvada anda chamando de "Quase um filme". Ironia pouca é bobagem.
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