sexta-feira, 27 de março de 2009

sangue de um poeta



Jean Cocteau está para o cinema surrealista assim como Rambo está para o cinema acéfalo. Enquanto Stalone provoca risadas patéticas enquanto se assiste ao coitado do Rambo fuzilar a polícia norte-americana, Jean Cocteau desvela a poesia através da imagem. Num momento em que cinema se resume a um emaranhado de bombas explodindo aqui e a li, ou um cinema verborrágico, em que a palavra assume um papel mais importante do que a própria imagem -cerne do cinema-, Cocteau deveria reaparecer com toda força e imponência.

Cinema pro Cocteau é imagem. Jogo de imagens dialogando, mesmo que em muitos momentos pareçam sem sentido ou fora de lugar. Mas é que pro Cocteau e alguns poucos cineastas, cinema é poesia, é risco. Não deveria ser um encadeamento lógico e ritualístico. Cinema deveria ser o discruso de um demento, quase altista talvez, desferindo suas emoções pra quem quisesse ouvir. Mesmo que a imagem de amor pareça desalento; ou mesmo que o pudor seja confundido com penitência.

Cinema pra gente como o Cocteau é poesia. O resto é bobagem. Mesmo dentro de um universo de sentidos denominado surrealista, Cocteau vai além. Desaparece depois de lançar-se para dentro do espelho, como nesse trailer de "Sangue de um Poeta", lançado em 1930.

Cinema é risco, sempre. E talvez por isso mesmo Cocteau nos aproxime da vida mais ainda do sentido da vida, mesmo que seus filmes aparentemente nos conduzam pra longe da vida.

quinta-feira, 26 de março de 2009

quanto vale...ou é por quilo?

O Sérgio Bianchi é taxado por muita gente de um pé no saco, um cara chato...hipócrita de meia-tigela, um FDP...e por aí vai. Eu acho ele um cineasta necessário. Explico, o cara faz filmes recheados de crítica social, mas nada parecido às aulas de OSPB ou de Moral e Cívica. Bianchi é faca na bota. Mata a cobra, mostra o pau e mostra os FDP que tirara a cobra de seu habitat natural e enfiaram a cobra dentro da sopa da tua vó.

Goste ou não o cara é porreta. Um dos filmes dele se chama "Quanto Vale ou é Por Quilo?". É mais um tapa na orelha e sem direito a choro de manha em seguida. Quem se incomoda é porque se enxerga ali como se estivesse diante do espelho. Pois bem, lembrei logo de cara desse filme, que traça uma analogia entre a escravidão no século XVIII e o marketing social dos tempos atuais, assim que li no Yahoo uma nota que dizia que o governo pensa em criar o Vale-Cultura.

"Será muito semelhante ao vale-refeição. Só que em vez de alimentar o estômago vai alimentar o espírito e gerar benefício para área cultural", afirmou, na última segunda-feira (23), o ministro da Cultura, Juca Ferreira, de acordo com a Agência Brasil.

Funcionaria assim ó: o trabalhador com carteira assinada receberia R$ 50 pra torrar assistindo filme, comprando CD, indo pro show, comprar livro, indo a museus, pra assitir ópera, e etc... Só não sei se vale pra ir em rodeio e ver boi sem bago pular como um sofrenildo ou se ir pro circo.

Esses 50m mangos seriam assim "pagos" ao trabalhador: 50% pago pelo empregador, 30% subsidiado pelo Governo e 20% desenbolsa o empregado. De acordo com o ministério, cerca de 12 milhões de pessoas poderão ser beneficiadas.

Aproveitando a ira do Bianchi e olhando o Brasil do jeito que o Bianchi olha gosatria de saber quanta gente QUE NÃO PRECISA iria se beneficiar desse Vale, e mais, como comprovar que os 50 mangos foram gastos pra ver um filme e comprar um livro e não pra tomar cachaça com os amigos? E mais, haveria restrição de gêneros e atrações pra torrar os 50 mangos...Do tipo: vale só para ópera ou só vale pra show de pagode?

E se eu quiser gastar os 50 mangos pra comprar um cavaquinho e virar músico e vender cultura por aí?

Ah, e tem mais uma só mais uma. Ainda vestindo os olhos do Biachi gostaria de saber se os nosso bondosos amigos gerentes de salas de cinema, donos de gravadoras e produtores de shows iriam duplicar ou quadruplicar os preços das peças em cartaz, dos filmes em cartaz ou dos ingressos em função desse valezinho que todo trabalhador poderá assim, quem sabe, um dia, vir a receber...

E por fim...pronto...agora é a última: o vale vale pra comprar CD e DVD pirata?

Não sei, só sei que é importante dar novo impulso à economia. E vamo que vamo.

Fui.

volume um

Jorge de Jesus: de microfone em punho e ainda lá nos anos 80 já usava camisa de flanela e sonhava ser rockstar

Dias desses, o Jorge me liga dizendo que tinha uma excelente ideia de filme. Dia desses que já faz um ano. E não me disse mais nada. Só que seria um documentário sobre música. Como não sou curioso, esqueci. Na real nem dei muita bola mesmo no dia em que ele me disse. E como é do feitio do Jorge ele fez todo um suspense em torno do "projeto". Como disse antes, depois do telefonema, esqueci.

Algum tempo depois, vem o Jorge com a notícia: "Meu documentário foi aprovado pelo Fundo". Na real eu já sabia porque tinha visto a lista dias antes. Mas fiz de conta que fiquei surpreso. Afinal de contas, amigo é pra isso mesmo. Aí sim, com o projeto aprovado e mil e novescentas e trinta e sete ideias na cabeça, o Jorge enfim me apresentou ao seu documentário.

O resto é história de bastidores e se tiverem curiosidade entrem no blog do filme e confiram tudinho lá.

Só posso antecipar que o filme tá andando, sendo rodado aqui e ali. Nos três primeiros depoimentos deu pra sentir que tem muito pano pra manga. A diversão é garantida pra toda a equipe e pra todo mundo que tem sido entrevistado. Alguns preferem beber água durante o bate-papo, outros cerveja...

A foto que abre este post tem o Jorge como vocalista. O nome da banda HPS. Diz o Maneka (produtor do filme) que essa sigla dizia escondia algo muito especial. Já eu, acho que HPS é nome de banda de pagode 2° grau.

terça-feira, 24 de março de 2009

aqui do lado

Leandra Leal: ela interpreta Camila que na real é quase a Clara. Quase.

"Nome Próprio", filme mais recente de Murilo Salles (diretor de "Como Nascem os Anjos") tem sessões agendadas entre os dias 31 de março e 5 de abril, no Cine Santander Cultural, em Porto Alegre. "Nome Próprio" é baseado no livro “Máquina de pinball”, da escritora gaúcha Clara Averbuck. A protagonista, Camila, é interpretada por Leandra Leal.

Sabecumé...o filme tá aqui do ladinho de Cassias. Assim, sem querer muito quem sabe alguém, um dia desses, poderia trazer o filme pra cá. Quem sabe antes do Nery...Não conhece o Nery? Da Locadora San Remo... O Nery anda derrubando muito coordenador de sala de cinema Caxias afora... Quem sabe as coisas estejam mudando. Vai saber...

NOME PRÓPRIO

2008, Digital, cor 130 min, 18 anos

História de Camila, jovem empenhada em se tornar escritora. Sua vida é sua narrativa. Camila é intensa, corajosa e quer a sua literatura como um ato de revelação.

Gramado 2008: melhor filme + atriz (Leal) + direção de arte.