sexta-feira, 18 de julho de 2008

bastidores da disputa

Agora explico a piada do picolé. Mas ainda bem que nem todo mundo precisa da explicação. Mas já que o mundo é redondo e todos os dias vemos fotos pra mostrar que de fato o mundo é redondo, não custa nada.

Well, essa semana Eduardo Dall'Alba, poeta bem quisto por uns e não tão bem quisto por outros, foi citado em uma reunião de livreiros e coordenadores da Feira do Livro de Caxias. Por que citado? Boa parte das pessoas que estava na reunião escolheu Dall'Alba para ser patrono. Baseados em que? Carreira literária, of course.

MÃNS...e aí vem a QUESTÃ que eu tinha dito dias atrás...parte desse grupo não queria aceitar Dall'Alba. E sabe por que? Porque ele não é um cara legal, porque ele é sempre muito crítico com respeito à literatura na cidade, porque enquanto esteve na comissão de avaliação e seleção dos projetos Fundoprocultura ele sempre foi bastante rígido, não aceitando qualquer trabalho...e por aí vai.

Teve gente até que cogitou o fato de o irmão do Dall'Alba ser filiado e membro ativo do PT (partido de oposição ao atual governo em Caxias)...

Por isso, a efetivação de Dall'Alba como patrono ficou em banho maria. E por isso aquele meu post um pouco evasivo. Porque ainda era cedo e eu temia que um aprofundamento das reais questões atrapalhasse a candidatura dele. Agora que o título é dele, ninguém mais tasca. Espero.

Mas aquela paranóia de perder o palito de picolé premiado quase se consumou. Quase. Não fosse a certa boa pressão do Carlinhos Santos na coluna 3por4 e um ou dois telefonemas de um e outro aí...quem sabe Dall'Alba teria ao invés de uma boa surpresa uma péssima notícia...porque teríamos de contar a ele o quase-título-que-quase-ganhou.

Felizmente a história teve um desfecho diferente. Chato vai ser administrar esse fato diante de todos. Principalmente quando todos os participantes daquela reunião apertarem a mão de Dall'Alba. A consciência vai pesar. E alguns poderão até ficar rubros tamanha raiva-e-ou-vergonha.

Mas aí, é como dizia meu avô: "cada um com seus problemas".

Dall'Alba patrono da Feira do Livro 2008, parabéns.

Só pra não dizer que não falei em poesia:

“Os olhos verdes práticos falando a ouvidos moucos.
As vozes tortas, sádicas, enquanto amigos, cínicos
a olhar a foz do córrego. Esparramando-se no tálamo
dentro da casa, frívola”.

a chicreta da babalu

Nada é o que aprece. E de onde menos se espera é que vem o discurso que salva, a mão que balnça o berço, a explicação para a derrocada e a salvação da lavoura.

Adelar Bertussi, homem de boa fé, faca na bota, virtuose do acordeom, tropeiro da música gaúcha, faz mágica com chiclete.

Na quarta-feira acordou cedinho, tomou banho quase gelado, pôs o sapato mais bonito que tinha na casa laranja da Mulada, interior de Criúva, que por sua vez é interior de Caxias do Sul, e saiu a passo largo pra tomar o ônibus que o traria para Caxias do Sul. Aproveitou o sacolejo do ônibus e dormiu um pouco. Chegando na cidade, Capital Intergaláctica da Cultura, se aprumou e na hora de descer do ônibus tropeçou.

Não caiu no chão.

Mas a sola do sapato desgrudou quase todinha. Pobre Adelar. Saiu mancando, com medo de que o resto da sola ficasse pelo caminho. Avistou uma sapataria e foi o mais rápido que pôde. Não vale rir nessa hora. Pobre Adelar. Mancando.

- Olha, seu Adelar...vai demorar umas duas horas pra cola pegar aqui nessa sola. Porque o sapato é de couro e a sola de borracha.
- Ah, não...
- É Seu Adelar...é que se fosse colar couro em couro, ou borracha em borracha era mais fácil.
- Então deixa assim. Tchau e obrigado viu!?

Adelar saiu a passo pequeno, pensando em como resolver o probelma da sola que queria fugir. Pra pensar melhor no assunto resolveu tomar um café. Sentou-se no balcão e enquanto saboreava o amargo do café, perguntou ao atendente:

- O senhor tem aí chicreta?
- Chiclete, temos sim.
- E qual é a maior chicreta que vocês tem aí?
- Babaloo.
- Então me vê aí uma dessas chicreta de babalu.

Adelar mascou um pouco. Tirou a "chicreta de babalu" da boca, colocou na palma da mão e afinou a chicreta. Não é preciso ser gênio para deduzir que Adelar, o Tropeiro da Música Gaúcha, enfiou a chicreta de babalu entre a sola e o sapato.

- E não é que grudou? Olha aí, tô andando a passo largo de novo. Tô pensando em voltar lá na sapataria e mostrar minha invenção. Mas é que eu não sou burro, né! Pensei cá com meus botões... Chireta é um terror...onde gruda não desgruda mais... Pode ver, tem gurizada que adora colocar chicreta nas cadeiras pra quando a gente sentar ficar a chicreta grudada na calça. Não sai nem com reza braba.

Adelar, agora além de virtuose do acordeom, anda metendo banca de Professor Pardal.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

picolé premiado com poesia


Alguém de vocês já ganhou algo e depois teve de devolver? É como se a Kibon e seus picolés premiados não valessem de nada. Nada.

Pois bem, um passarinho verde me contou que tem um cidadão caxiense quase caindo nessa armadilha. Queriam dar a ele um título, mas parece, parece voltaram atrás.

Por que? Ora bolas, eu conto a piada e ainda querem que eu explique?

Aguarde as cenas dos próximos capítulos. Mas, infelizmente, nessa novela não vai ter cena de casamento. Nem a feia vai casar com o milionário.

É mais profunda a QUESTÃ.

Porque a poesia sempre é mais intensa e vívida do que a prosa. Venha de onde vier.

Assim como a paulada. Não importa de onde venha, sempre dói.

metal caxiense nas américas

Até parece disco riscado, mas, pô, tem horas que dá até raiva. Por que santo de casa nunca faz milagres? A banda Predator é mais um bom exemplo. Bom? Não. Excelente exemplo. Os caras são adorados mundo afora enquanto que em Caxias ninguém dá bola, ninguém sequer cumprimenta os caras por eles levarem o nome da cidade para outros países.

Tá marcado para começar neste final de semana uma tour pelo América do Sul. Inclui shows pelo Uruguai, Argentina, Brasil e Paraguai. Caxias não tem dado valor nem mesmo à música folclórica italiana (vide toda a polêmica na Festuva) o que dirá dar atenção pra banda de metal.

É pouca vergonha? Não...issso é Capital da Cultura.

O importante é que os artistas de Caxias continuam a fazer a sua vida, a trilhar a sua carreira, independentemente do tapinha nas costas.

Parabéns, Predator! Hate around the world tour!

Inté a volta

terça-feira, 15 de julho de 2008

punk alimenta a capital


Ei-la aí, em primeira mão, a capinha do DVD de uma música só da Ligante Anfetamínico. Atentem para o selo no lado esquerdo, abaixo. É o selo de Caxias Capital Brasileira da Cultura, em 2008. É como diz minha vó: "Hoje em dia até punk anda ajudando esse negócio aí de Capital".

caxias capital da cultura 2009?

Ah, não. Nesse quesito Caxias não pode se reeleger. Não nesse.

Well, Caxias é a Capital Brasileira (alguns dizem INTERGALÁCTICA) da Cultura, em 2008. Mas a cidade ainda espera realizações que justifiquem o prêmio. Enquanto isso, a ONG CBC (Capital Brasileira da Cultura), com sede e foro, em São Paulo, cujo secretário que atende ao telefone fala 'portunhol', já revela os concorrentes para ser Capital da Cultura em 2009.

Disseram que Caxias tentou a dobradinha, mas o chefe da ONG mostrou o regulamento e não dava. É que...quem sabe...com mais um ano de Capital, Caxias quem sabe...assim, quem sabe mesmo...não conseguisse enfim pôr em prática os planos que tanto e tanto e tanto idealizou. Ufa, até dá um cansaço escrever isso.

Well, seguindo, então a ONG CBC revela os concorrentes para virar Capital 2009. Ei-los aqui:

Areia (PB)
Mariana (MG)
Montenegro (RS)
São Luís (MA)
Senador Pompeu (CE)

Sendo gaúchos aguerridos e fortes, deveríamos todos nós caxienses torcermos para Montenegro, aquela cidade onde tem um pedágio comunitário, sabe? na ida pra Porto Alegre, a capital política do estado...sabe, ? MÃNS...TODAVIA...PORÉM...eu prefiro apostar em AREIA. Uma bela cidade esquecida no interior da Paraíba. A cidade tem 26 mil habitantes e no passado já se chamou Sertão de Bruxaxá. "Êta porra", como diria o escritor Marcelino Freire.

Então cantemos juntos:

"Eia, eia eia...Areia já ganhou" (no ritmo que mais lhe convir).

Requisitos culturais de AREIA:

"Areia foi a primeira cidade na Paraíba a ter a sua área totalmente protegida e preservada, obtendo do IPHAN o título de Patrimônio da Cultura Nacional, onde se destacam o Teatro Minerva (o primeiro construído na Paraíba); Casa Museu Pedro Américo, com inúmeras réplicas dos quadros deste que foi o mais célebre cidadão areiense, entre elas a famosa obra "O Grito do Ipiranga", encomendada a ele por Dom Pedro II, cujo original encontra-se no Museu do Ipiranga em São Paulo; a Igreja Rosário dos Negros e Museu da Rapadura, que apresenta as várias etapas da fabricação dessa iguaria e dos outros derivados da cana-de-açúcar. Tem também como atrativos muitas riquezas naturais no Parque Estadual Mata do Pau Ferro, com diversas fontes e balneários aquáticos. No seu calendário de eventos culturais se destacam: Festival da Cachaça e Rapadura, Festival de Música e Festival de Artes."
(BY RELEASE OFICIAL DA ONG)

Perceberam a semelhança com Caxias, Capital 2008? Os AREIANOS também têm a sua Festa da Uva. Mas lá, eles chamam o encontro enogastronômico de Festival da Cachaça e da Rapadura. Só não vendem EDREDÃO...nem CASACO de COURO porque lá não faz tanto frio como aqui. Mas ralador de batata e pastel na banha tem sim.

Well, quem quiser visitar AREIA, sem pagar muito caro, que vá logo. Porque em 2009, quando AREIA virar CAPITAL INTERGALÁCTICA DA CULTURA os preços vão subir cerca de 800%. Vide Caxias. Não conseguimos mais transitar pelas ruas da cidade sem encontrarmos centenas e centenas de turistas de todas as partes do mundo.

Tem até cineasta colombiano que veio pra cidade SÓ PORQUE AQUI É A CAPITAL BRASILEIRA DA CULTURA. Pena que ele encontrou mais gente por aqui que ODEIA e tem NOJINHO de estrangeiro, do que gente que lhe abre as portas de casa. Well, QUESTÃNS culturais.

Mas vamo que vamo.

Fui, até amanhã. Porque hoje fui pra AREIAS. Areias Brancas.


P.S.: A cidade ganhadora será divulgada pela ONG CBC no dia 31 de julho próximo. A Comissão Julgadora que analisará as candidaturas apresentadas estará formada por representantes do Ministério da Cultura, Ministério do Turismo, IPHAN, Prefeituras de Olinda, São João del Rei e Caxias do Sul, e ONG CBC.