sábado, 5 de julho de 2008

malandragem...dá um tempo!

Como diz o Zé Simão, "Brasil: o país da piada pronta". Acabo de ler na internet. E nem vou me dar o trabalho de reescrever com minhas palavras, porque o escravo lá do Yahoo já fez isso e tá recebendo (pouco, mas recebe salário) pra escrever por mim:

"A partir de 30 de setembro e até 48 horas depois do primeiro turno, nenhum eleitor poderá ser preso, a não ser em caso de flagrante ou se houver sentença criminal condenatória por crime inafiançável. Nas cidades onde o pleito se estender ao segundo turno, os eleitores também não poderão ser detidos, a não ser nos casos excepcionais, entre os 21 e 28 de outubro. O resultado do primeiro turno das eleições será oficializado pelos juízes eleitorais em 11 de outubro. Se houver segundo turno, o resultado oficial deverá sair até 13 de novembro."

Bom, tá dado o recado. Quem puder avacalhar geral e ainda conseguir fugir, é prato cheio. Só o redator aí do Yahoo esqueceu de me dizer se o medida serve também para casos de USO DA MÁQUINA PÚBLICA, LAVAGEM DE DINHEIRO, CORRUPÇÃO, AUTO-AUMENTO ABUSIVO DE SALÁRIOS, e outros quetais...

Eu devia ter ouvido o meu falecido avô comunista: "guri, te filia ao partido mais reacionário que existir e vira prefeito".

Eu e minha mania de desobedecer aos mais velhos...tsc, tsc.

depois da barba branca, só o jazz

Fiquei velho.

Não percebi isso depois dos primeiros fios de barba branca. Nem mesmo depois de perder os últimos fios de cabelo. Envelheci. E não tem nada a ver com as juntas rangendo, nem com a certidão amarelada. Percebi que envelhecera quando aquele disco de jazz teimava em seguir sua sina. Aquele trumpete ressoando pela casa, servindo de trilha sonora de um beijo ardente e amorosamente apaixonado que só cessava para que pudessemos sorver uma taça de um bom vinho (bom por ser de bom gosto e também bom de preço), é o claro sinal de que envelheci.

Jazz. Quem diria, hein?

E o que fazer agora com todos os Radiohead? E os Sonic Youth? Se bem que misturando esses dois aí com a fúria vertiginosa do Zappa...com certeza seria uma boa provocação para Miles Davis. Seria o fim da trilha do rock nas minhas veias abertas? Para felicidade dos poetas Marco de Menezes e Augusto Nesi, sim. Aliás, pra eles será uma bênção saber que fui infectado pelo veneno do jazz.

Talvez o pessoal do Revival enfim reconheça que virei um velho chato e parem de me deixar frequentar o bar. Pô, mas eu tenho umas gordurinhas pra queimar. Não me impeçam de beber uma ceva gelada imaginando estar em um bar de rock no centro de Londres, lá por volta de 1976, 1977. Ou vai dizer que Ramones só faz sentido até os 30.

Talvez sim.

Deep Purple, não. Sempre foi som pra quem nasceu coroa. Pra quem já nasceu com mais de 30. Lembro de só querer aproveitar da demência juvenil que se encaixava tão bem à bizarrice de bandas como Sonic Youth ou Nirvana, mas meus companheiros de banda preferiam o flerte com a música erudita que fluia sem parar de bandas como Deep Purple. Ali parecia que a Terra do Nunca era o meu paraíso e meu paradeiro. Porto seguro.

Ledo engano.

Porque agora, vivendo sob a Era do Jazz, percebi a finitude ainda mais perto. Mas não tem problema. Vou levar a vida na mesma cadência desses serelepes que adoram soprar seus trumpetes mundoa fora.

Paciência, caro Baldi. Paciência. Quem sabe seja só uma fase e eu esqueça logo dessa palhaçada que é o jazz. Mas sabe que ando beeeem preocupado. Porque eu já tinha uma certa predileção a gostar de jazz, mas ainda me mantinha resistente e ouvindo a todo volume a saudosa guitarreira, seja em acordes bonitinhos, mas ordinários, como nas músicas do Led Zeppelin, seja na demência abestalhada e cheia de microfonias como em Sonic Youth.

Mas agora, acho que fudeu. Depois da barba branca, só o jazz pra me salvar.

enquanto isso... em fortaleza

Não, esse não é o seu tio bonachão, esse é o Sílvio Tendler.

Quem já anda com raiva do frio e não suporta a apatia das telas de cinema em Caxias, pode voar pra Fortaleza. Na terça-feira dia 8, às 19h, ocorre no cineteatro do Centro Cultural Banco do Nordeste-Fortaleza, o debate "1968: Cenas da Rebeldia", com o cineasta carioca Sílvio Tendler.

Na pauta: o comportamento libertário e criativo da Geração 68 no Brasil, que se traduziu na produção de canções, festivais, peças teatrais, exposições e filmes antológicos, além do papel de resistência à ditadura militar, exercida nas ruas pelos movimentos estudantis e as manifestações populares.

Não conhece o Sílvio Tendler? Pois deveria. É como um brasileiro não conhecer Didi, o inventor da folha seca. Sílvio Tendler nasceu em 1950, no RJ, é licenciado em História pela Universidade de Paris, e mestre em Cinema e História pela École des Hautes-Études/Sorbonne. E só pra encerrar, no campo acadêmico, Tendler fez especialização em Cinema Documental Aplicado às Ciências Sociais no Musée Guimet/Sorbonne.

Na carreira, Tendler já produziu cerca de 40 filmes, entre curtas, médias e longas-metragens. Seu olhar procura desvendar o que está por detrás da história oficial do Brasil. O cineasta tem ainda três das maiores bilheterias de documentários na história do cinema brasileiro: "O Mundo Mágico dos Trapalhões" (1,8 milhão de espectadores), "Jango" (um milhão de espectadores) e "Anos JK" (800 mil espectadores).

Quem tem acesso ao Canal Brasil pode ter a sorte de ver de vez em quando algum dos filmes do Tendler. Mas se estiver em Fortaleza não perca a mostra dos seus filmes, que ocorre paralelamente ao debate. Confira a seguir os filmes da mostra:


Anos JK: Uma Trajetória Política - Dia 05, sáb, 10h15min
O filme aborda a História do Brasil: a eleição de JK, o nascimento de Brasília, o sucessor Jânio Quadros que renuncia, a crise política, o golpe militar e a cassação dos direitos políticos de Juscelino. O foco é a trajetória política de Juscelino Kubitschek, o "presidente bossa nova", popular entre os artistas, que propunha aceleração no desenvolvimento do País rumo à modernidade e a ocupação de um lugar entre as potências mundiais.


Jango: Como, Quando e Porque se Depõe um Presidente da República - Dia 12, sáb, 10h15
Narrado por José Wilker, o filme foca a trajetória de João Goulart que, deposto pelo Golpe de 1964, se tornou o único presidente brasileiro morto no exílio. O filme, visto por um milhão de pessoas, ganhou vários prêmios e está entre os documentários mais importantes do Brasil.


Memória do Movimento Estudantil - Dia 19, sáb, 10h15
Em 2004 foi criado o projeto Memória do Movimento Estudantil, uma realização da Petrobras, em parceria com a Fundação Roberto Marinho, a União Nacional dos Estudantes - UNE, o Museu da República e a TV Globo, que tem como objetivo recuperar e divulgar a história da militância dos estudantes no Brasil. Este DVD é composto por dois documentários dirigidos por Sílvio Tendler: "Ou ficar a pátria livre ou morrer pelo Brasil" e "O afeto que se encerra em nosso peito juvenil", com 50 minutos de duração, exibidos no cinema, e na TV, no Canal Futura.


Glauber o Filme, Labirinto do Brasil - Dia 26, sáb, 10h15
Documentário sobre a vida e a morte de Glauber, um dos brasileiros que mais pensou e amou o Brasil - e o cinema. O velório, filmado em 1981, o enterro, a dor; unidos a depoimentos de quem acompanhou, viveu, admirou, foi amigo e lutou junto com esse mito do cinema nacional, conta mais uma página da história do cineasta, uma história que permaneceu na gaveta durante dezoito anos e que agora ressurge como uma homenagem a este artista revolucionário e solitário.