terça-feira, 10 de janeiro de 2006

nova morada


Oi, pode entrar. Ainda há pouca tinta nas paredes, poucos móveis, um certo cheiro de estranheza. Mas é só por alguns dias. Depois passa. Amanhã eu compro uma mesa, ou quem sabe, plante um carvalho no centro da sala. Não sei ainda. Pensei também em pendurar no teto partes do corpo de pessoas enrugadas. Hoje não. Hoje só penso em desfrutar desse quase nada que há na casa.

Como vocês vêem, já estendi no varal as primeiras fotos. Porta-retrato de um passado que nunca vai ser realmente passado. Traz impressa a fertilidade de um velho mundo que nunca envelhece, que sempre se renova. Inquietude...inquietude. Lido com pausas pra fixar na pele, no osso, no embrião da prole que um dia vai chegar. Nada de profecia. Só a certeza de que tatear o mistério é o melhor a fazer. Sem medo, asco, nem piedade.

Agora, se me dá licença, vou lixar o assoalho. Até daqui a pouco.

2 comentários:

Seu Menezes disse...

ahá.
acá nos quedamos.
muy bién, cachacero.
quando tomamos umas junto?
abraço, professor.

Mugnolini disse...

me convida que eu vou!