segunda-feira, 26 de junho de 2006

Thereza

Beijo no asfalto molhado. Nada de Nelson. Tudo sobre Thereza.

É noite. Inverno. Mais uma noite sem ninguém servindo a sopa de Thereza. Quase morta. Que nada, quase grávida. Leva no ventre o filho que não veio nem depois da velhice. As mãos trêmulas e macias como um pedaço de seda, mas flácidas e rugosas. O medo já não assusta mais e a vertigem Thereza trata com um genérico de quinta rifado em balaios.

Nas madrugadas mais geladas levanta-se da cama e sorve um palheiro. Abre as janelas e deixa o vento cortar-lhe a face. O palheiro acalma a ansiedade e dribla o frio, mas Thereza odeia o cheiro. Depois de uma ou duas baforidas gospe o gosto de fumo forte e palha seca impregnado à boca. Pra encerrar o ritual invernal toma uma banho gelado na bica. Depois do banho, bebe dois goles de vinho bordô e cai na cama.

3 comentários:

Anônimo disse...

Perdeu-se na carne fria

Anônimo disse...

....

Mugnolini disse...

Thereza não é moribunda.