quarta-feira, 17 de janeiro de 2007

A Babel do Globo de Ouro

Filme do mexicano Alejandro González Iñárritu
é eleito o melhor da premiação, considerada
uma prévia do Oscar


O mito da Torre de Babel, citado na Bíblia, não apenas inspirou Babel, filme do mexicano Alejandro González Iñárritu, mas também os críticos da Associação de Correspondentes Estrangeiros em Hollywood. Basta ver a lista dos vencedores do Globo de Ouro, revelados na noite de segunda-feira, e comprovar como o troféu foi bem dividido entre os realizadores, artistas e produtores de diferentes países.

O diretor mexicano Iñárritu levou o prêmio de melhor filme de drama. Sua história tem cenas no Marrocos, Estados Unidos, Japão e México. Deixou na poeira Os Infiltrados, de Martin Scorsese, que por sua vez levou a estatueta de melhor diretor. O filme de Scorsese trata do duelo entre a polícia de Boston e a máfia irlandesa.

Seguindo pela Torre de Babel, o norte-americano Clint Eastwood leva o Globo de Ouro de melhor filme estrangeiro (pasme!) por Cartas de Iwo Jima. A justificativa é que a produção teve investimento japonês e a trama falada em japonês. Absurdos à parte, o espanhol Pedro Almodóvar foi esnobado pelo Globo de Ouro.

Mas Meryl Streep não deixou por menos. Agradeceu ao prêmio de melhor atriz em comédia ou musical, por O Diabo Veste Prada, pedindo mais espaço para bons filmes, sobretudo os estrangeiros, nas salas de cinema dos Estados Unidos. E nominou, dentre as ausências da tela, Volver, de Almodóvar e, O Labirinto de Fauno, do mexicano Guillermo del Toro. A atriz espanhola Penélope Cruz, aplaudiu.

O império inglês também foi reverenciado pela "quase rainha" Helen Mirren. Ela levou dois prêmios de melhor atriz, um pela minissérie Elizabeth I, outra de melhor atriz em drama por A Rainha, no qual faz o papel de Elizabeth II. Seu compatriota, Sacha Baron Cohen, recebeu o Globo de Ouro de melhor ator em comédia ou musical por Borat, interpretando um suposto jornalista do Cazaquistão.

Agora, o que parecia piada aconteceu. A versão americana do pastelão colombiano Betty, a Feia, ganhou o Globo de Ouro na categoria melhor comédia da TV. Como se não bastasse, a atriz hondurenha America Ferrera levou a estatueta de melhor atriz de comédia pelo mesmo seriado. Essa Babel do Globo de Ouro, considerada uma prévia do Oscar, vai aquecer as apostas pela premiação mais glamourosa do cinema, que ocorre dia 15 de fevereiro.

Em 2006, Crash levou o Oscar de melhor filme. Babel, o vencedor do Globo de Ouro, tem o mesmo perfil de Crash. É contestador e político. Tratam da arrogância e discriminação de um mundo cada dia mais injusto. Resta saber se a Academia de Hollywood vai se repetir e voltar a premiar um filme crítico em detrimento de outros – como o grande vencedor do Globo de Ouro, com três estatuetas, o musical Dreamgirls – Em Busca da Fama, espécie de Antonia dos americanos. Façam suas apostas.


Os vencedores

Prêmios de cinema
Melhor filme (drama): Babel
Melhor atriz (drama): Helen Mirren (A Rainha)
Melhor ator (drama): Forest Whitaker (O Último Rei da Escócia)
Melhor filme (comédia ou musical): Dreamgirls – Em Busca da Fama
Melhor atriz (comédia ou musical): Meryl Streep (O Diabo Veste Prada)
Melhor ator (comédia ou musical): Sacha Baron Cohen (Borat)
Melhor filme de animação: Carros
Melhor filme em língua estrangeira: Cartas de Iwo Jima
Melhor atriz coadjuvante em longa-metragem: Jennifer Hudson (Dreamgirls – Em Busca da Fama)
Melhor ator coadjuvante em longa-metragem: Eddie Murphy (Dreamgirls – Em Busca da Fama)
Melhor diretor: Martin Scorsese (Os Infiltrados)
Melhor roteiro: Peter Morgan (A Rainha)
Melhor trilha sonora original: Alexandre Desplat (The Painted Veil)
Melhor canção original: The Song of the Heart, música e letra de Prince (Happy Feet)

Prêmios de televisão
Melhor série dramática: Grey's Anatomy
Melhor atriz de série dramática: Kyra Sedwick (The Closer)
Melhor ator de série dramática: Hugh Laurie (House)
Melhor série (comédia ou musical): Betty, a Feia
Melhor atriz de série cômica ou musical: América Ferrera (Betty, a Feia)
Melhor ator de série cômica ou musical: Alec Baldwin (30 Rock)
Melhor minissérie ou telefilme: Elizabeth I
Melhor atriz em minissérie ou telefilme: Helen Mirren (Elizabeth I)
Melhor ator em minissérie ou telefilme: Bill Nighy (Gideon's Daughter)
Melhor atriz coadjuvante em minissérie ou telefilme: Emily Blunt (Gideon's Daughter)
Melhor ator coadjuvante em minissérie ou telefilme: Jeremy Irons (Elizabeth I)

2 comentários:

Anônimo disse...

Quando Babel estréia no GNC Iguatemi? Esse filme promete!!

Anônimo disse...

Penélope Cruz aplaudiu muito bem os dizeres de Meryl Streep...a meu ver, Volver tinha capacidade suficiente para concorrer..e ganhar alguns dos prêmios!!!

abraço
marcelo andrighetti
http://marceloandrighetti.zip.net