terça-feira, 5 de junho de 2007

resenha

UM DIA NA VIDA, de Jorge de Jesus

O segundo filme é sempre mais fundamental do que a estréia. Assusta menos ao realizador e suscita mais a curiosidade do público. Em alguns casos é definitivo. Se o diretor não apresenta um bom trabalho, no mínimo uma evolução da obra anterior, pode ser que o limbo do esquecimento seja o único paradeiro.
O videasta caxiense Jorge de Jesus tá nessa. Recém lançou Um Dia na Vida, seu segundo curta-metragem, e espera agora colher mais frutos do que com Sapateiro (2004). Os dois foram produzidos com recursos do Fundoprocultura. Os dois tem como fio condutor, a crítica social.
Em Sapateiro, Jorge pega pesado e mete o dedo na ferida escancarando a venda de cola de sapateiro. Em Um Dia na Vida, há mais poesia quando o diretor relaciona o abandono de um mendigo (Marcelo Casagrande) jogado nas sarjetas de Caxias ao dilema de uma menina mimada (Fernanda Rodrigues) que não consegue resolver seus problemas.
Um Dia na Vida é melhor do que Sapateiro. Tem um roteiro mais apurado e estabelece uma maior empatia com o espectador. O que aproxima o público é a inesperada atuação da atriz Fernanda Rodrigues. Geralmente sem sal nem açúcar, ela parece avançar sobre o espectador. Quanto maior a angústia da sua personagem, maior a entrega de Fernanda.
Outro destaque é o ator Marcelo Casagrande. Mesmo sem pronunciar uma palavra sequer seu personagem rouba a cena. Essa boa repercussão do filme não deixa de ser um pedido de desculpas pelo atraso no lançamento. Gravado em 2004 só estreou dia 11. Na saída da sessão, uma funcionária da Secretaria da Cultura disse:
– O filme tá muito bom, diz pro Jorge que ele tá desculpado pela demora.

Curta-metragem, drama, 2007. À venda pelo site www.doarcodavelha.com.br

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