Não sei de onde veio, mas descobri para onde ia.
Um senhor baixinho, que parecia ainda mais baixinho, por causa do sol forte desse quase-verão que antecipa uma seca de rachar o côco, caminhava a passo curto, mas firme, em direção a sua igreja. Vestia jaleco branco, alvo como a nuvem mais linda desse céuzão de anil. Pra não queimar a careca, usava chapéu.
Descobri que ele ia pra igreja porque não me contive e fui atrás dele. Parece coisa de louco. E é. Assumo. Não resisti ao jeito dele, a aura dele, ou a simpatia dele, sei lá. Quando percebi estava caminhando como ele. Como se fosse a sua sombra.
Passos curtos, corpo inclinado à direita, como se tentasse equilibrar o peso da Bíblia apertada debaixo do braço esquerdo. O Livro Sagrado estava guardado em uma sacola plástica, como se fosse protegesse do sol ou de uma eventual chuva que parece não querer mais vir.
Não sei o nome dele. E ele nâo sabe porque raios chove tanto em Santa Catarina e nâo chove nada por aqui. Muitos menos entende porque Al-Qaeda explode tanta coisa mundo afora. Nem sabe como a bomba atômica pode cair no colo daquela mãe cheia de filhos pra cuidar.
Esse senhor só sabe que é preciso orar. Por ele e pelos outros. Sua fé move um monte de gente ao seu redor, mesmo que quase ninguém saiba o seu nome, muito menos de onde ele vem.
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2 comentários:
Opa, belíssimo texto. Já estava com saudades dos escritos do amigo. Grande abraço.
Lindo Marcelo. Amei! Que minutos preciosos que tu tiraste para seguir o velhinho. Valem uma reflexão tão bonita como esta...
É um sinal pra quem lê, de prestar mais atenção aos pequenos detalhes dessa vida que passa tão rápido... Beijo
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