
Chorar por tudo que se perdeu, por tudo que apenas ameaçou e não chegou a ser, pelo que perdi de mim, pelo ontem morto, pelo hoje sujo, pelo amanhã que não existe, pelo muito que amei e não me amaram, pelo que tentei ser correto e não foram comigo. Meu coração sangra com uma dor que não consigo comunicar a ninguém, recuso todos os toques e ignoro todas tentativas de aproximação. Tenho vergonha de gritar que esta dor é só minha, de pedir que me deixem em paz e só com ela, como um cão com seu osso. A única magia que existe é estarmos vivos e não entendermos nada disso. A única magia que existe é a nossa incompreensão.
Fragmento de Lixo e Purpurina, escrito em 1974, em Londres. Caio Fernando Abreu morreu em 25 de fevereiro de 1996. Revista Almanaque (encartada no jornal Pioneiro de sábado e domingo) do próximo sábado traz matéria especial sobre o escritor.
7 comentários:
Ontem, no Estúdio 36, a astróloga Amanda Costa falava sobre a influência dos astros na obra do Caio.
Interessante.
[ah, ele tá entre os meus preferidos]
o Caio era astrólogo tb.
Pois é! Descobri somente ontem.
Eu não entendo muitas coisas.Simplesmente não me convencem. Vivo com linha invisível e agulha na mão, mas percebo, quando menos espero, que tudo já estava tramado.Queria ver mais coragem nesse mundo, coragem nos olhos pra assumir a teia com que o inexplicável envolve a gente.
*espero a volta dos escrivos só teus e especiais para esta casa.
Que lindo! Tô com saudade de vocês, beijos
o meu preferido é o conto os sobreviventes. matéria é tua?
Leia amanhã no Pioneiro.
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