quarta-feira, 1 de fevereiro de 2006

no escurinho do cinema

Desde quarta-feira passada venho sendo abordado em função da reportagem publicada no Sete Dias, sobre a programação de filmes em Caxias. No café, na livraria, por telefone, e-mail – fui até convidado pra participar de um programa de rádio, na segunda-feira –, de todos os cantos perguntam a minha opinião sobre o assunto.

Antes de mais nada, só discuto a programação dos filmes da sala Ulysses Geremia (Centro de Cultura Ordovás), porque é pública, e UCS Cinema, porque é uma universidade, espaço de discussão e teoricamente, o berço do saber. Não me interessa o que os cinemas de shopping venham a exibir, porque, como empresas privadas, querem só lucro. E estão no seu direito.

Entendo as dificuldades enfrentadas pelos ex-coordenadores dos cinemas da UCS e Ordovás. Negociar com distribuidoras de filmes não é nada fácil. Mas não posso aceitar que toda e qualquer pessoa que esteve ou esteja ocupando esses cargos aceite ser manipulado pela falta de visão daqueles que pagam seus salários.

Porque 2005 foi o ano mais fraco da curadoria de filmes do Centro de Cultura, em comparação ao melhor período, de 2002 a meados de 2004, em que se viu na tela, entre outros, filmes de David Lynch e Luiz Fernando Carvalho, só pra citar dois cineastas inventivos. Enquanto isso, na UCS, 2005 foi o melhor ano, mesmo assim, ficou longe, distante anos-luz dos melhores anos da programação do Ordovás.

Todas as justificativas para a falta de uma programação alternativa apontam que esse "tipo de filme" tem uma baixíssima aceitação. Como se esse "tipo de gente" que gosta de assitir cinema de verdade fosse de outro planeta, repulsivos e gosmentos.

Na minha opinião (aí está o que pediram) o erro não está na escolha, mas em tudo o que andam desprezando. Porque eu já vi gente empilhada, abarrotando mais de uma sessão, pra ver uma seleta de curtas-metragens de diretores caxienses. Como repetir esse interesse? Bom, aí é querer demais, porque há segredos nessa vida que não se conta nem ao melhor amigo.


p.s.: crônica desta quarta-feira no Pioneiro

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