Se bem que o velho e bom canalha Jece Valadão já tinha morrido há mais de 10 anos. Depois de conhecer Jesus, Jece largou aquela vida desregrada, o discurso de machão (nunca machista, como fazia questão de frisar), parou de fungar no cangote de qualquer mulher, parou de beber e passou a desprezar aquela penca de pornochanchadas da carreira.
– Nunca fiz pornochanchada, que é o sexo sem razão de ser. Fiz comédias urbanas eróticas baseadas na literatura. Não renego ou reprovo nada que fiz, mas não repetiria certas coisas. Bebia um litro de uísque numa sentada! O Jece Valadão morreu dez anos atrás e eu renasci espiritualmente – revelou ao jornalista Rodrigo Cardoso, em 2005.
Jece é daqueles que só foi feliz no cinema. O pouco de felicidade que teve, nos últimos anos, talvez tenha sido uma das etapas do purgatório ainda em vida. Nada mais do que isso.
O primeiro dos muitos filmes (segundo contas do próprio, entre ator, diretor e produtor foram mais de 100) foi Carnaval no Fogo (1949), de Watson Macedo. Em preto e branco, a trama misturava comédia e musical. O roteiro era de Anselmo Duarte e no elenco, artistas do quilate de José Lewgoy, Grande Otelo, Oscarito.
Jece, em "A Idade da Terra", de Glauber Rocha
No currículo, Jece podia se orgulhar de ter trabalho com alguns dos cineastas mais importantes do Brasil, como Glauber Rocha (A Idade da Terra), Nelson Pereira dos Santos (Rio 40 Graus, Rio Zona Norte e Boca de Ouro) e Ruy Guerra (Os Cafajestes).
Jece Valadão e Norma Benguel, em "Os Cafajestes", de Ruy Guerra
Jece desistiu da vida na tarde de hoje. Aos 76 anos. O coração do canalha parou às 17h20min. Algum canalha aí querendo ocupar a sua vaga? Agora, só nos resta o Paulo César Peréio, que além de canalha é o nosso eterno cafajeste.
É o fim, Jece.
Roda claquete. E manda subir os créditos.
3 comentários:
D+, Tchello
captou a alma do cafajeste
Bju
grazie, Grazi.
o cinema brasileiro poderia fazer um sabonete chamado jesse valadao.
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