sexta-feira, 18 de julho de 2008

a chicreta da babalu

Nada é o que aprece. E de onde menos se espera é que vem o discurso que salva, a mão que balnça o berço, a explicação para a derrocada e a salvação da lavoura.

Adelar Bertussi, homem de boa fé, faca na bota, virtuose do acordeom, tropeiro da música gaúcha, faz mágica com chiclete.

Na quarta-feira acordou cedinho, tomou banho quase gelado, pôs o sapato mais bonito que tinha na casa laranja da Mulada, interior de Criúva, que por sua vez é interior de Caxias do Sul, e saiu a passo largo pra tomar o ônibus que o traria para Caxias do Sul. Aproveitou o sacolejo do ônibus e dormiu um pouco. Chegando na cidade, Capital Intergaláctica da Cultura, se aprumou e na hora de descer do ônibus tropeçou.

Não caiu no chão.

Mas a sola do sapato desgrudou quase todinha. Pobre Adelar. Saiu mancando, com medo de que o resto da sola ficasse pelo caminho. Avistou uma sapataria e foi o mais rápido que pôde. Não vale rir nessa hora. Pobre Adelar. Mancando.

- Olha, seu Adelar...vai demorar umas duas horas pra cola pegar aqui nessa sola. Porque o sapato é de couro e a sola de borracha.
- Ah, não...
- É Seu Adelar...é que se fosse colar couro em couro, ou borracha em borracha era mais fácil.
- Então deixa assim. Tchau e obrigado viu!?

Adelar saiu a passo pequeno, pensando em como resolver o probelma da sola que queria fugir. Pra pensar melhor no assunto resolveu tomar um café. Sentou-se no balcão e enquanto saboreava o amargo do café, perguntou ao atendente:

- O senhor tem aí chicreta?
- Chiclete, temos sim.
- E qual é a maior chicreta que vocês tem aí?
- Babaloo.
- Então me vê aí uma dessas chicreta de babalu.

Adelar mascou um pouco. Tirou a "chicreta de babalu" da boca, colocou na palma da mão e afinou a chicreta. Não é preciso ser gênio para deduzir que Adelar, o Tropeiro da Música Gaúcha, enfiou a chicreta de babalu entre a sola e o sapato.

- E não é que grudou? Olha aí, tô andando a passo largo de novo. Tô pensando em voltar lá na sapataria e mostrar minha invenção. Mas é que eu não sou burro, né! Pensei cá com meus botões... Chireta é um terror...onde gruda não desgruda mais... Pode ver, tem gurizada que adora colocar chicreta nas cadeiras pra quando a gente sentar ficar a chicreta grudada na calça. Não sai nem com reza braba.

Adelar, agora além de virtuose do acordeom, anda metendo banca de Professor Pardal.

3 comentários:

Grazi disse...

Eu adoro esse tal Adelar. Até dei um autógrafo a ele

Mugnolini disse...

tu deu autógrafo a ele? que coisa...

Diego disse...

ele é o meu ídolo!