Conheci o João Tonus há muito tempo. Ele foi o primeiro a encorajar e, principalmente, dar espaço a um novo cine clube que surgia em Caxias. Isso era lá pelo fim dos anos 90, virada para a década zero. O cine clube ainda existe e se chama Grande Angular. Eu não sou mais do cast, e o cine clube não tem mais conseguido ser o que já foi, mas torço pela retomada.
Enfim, quando conheci o João Tonus, ele já era um dos caras mais importantes do Míseri Coloni, um dos grupos mais respeitados do estado, estava implantando a estrutura e a programação do Teatro São Carlos e era o coordenador do brilhante projeto GentEncena, que ainda existe e espero que volte a ser pelo menos a metado do que já foi no tempo do Tonus.
Desde segunda-feira, ontem no caso, o Tonus virou o novo secretário de Cultura de Caxias do Sul. Tonus ganhou esse cargo porque Antonio Feldmann (PMDB), que ocupava a vaga desde 2005, quando José Clemente Pozenato (PSDB) pediu para sair, também pediu para sair para incorporar o grupo de políticos da situação que estão na coordenação da campanha pela reeleição de Sartori.
Justo. Cada um faz o que bem entende da sua vida. E o que precisa, como no caso do Feldmann. Porque senti um certo desgosto e desconforto dele ao me relevar a saída. Lógico que ele não deve ter saído de forma tranqüila, porque não cumpriu com sua promessa. JUROU que o AMARP e a Cia de Dança seriam suas prioridades.
As 600 obras do AMARP continuam trancafiadas em um camarim no segundo andar do Centro de Cultura Ordovás. E a Cia de Dança, segue com seus passos trôpegos, mesmo com a boa vontade de muita gente que está lá, parece que a música nunca pontua os passos e vice-versa. Mas João Tonus herdou de Feldmann o título de Capital da Cultura. E seria injusto cobrar de Tonus a resolução de todos os problemas que a Capital suscitou.
Se bem que o Tonus já salvou um projeto que estava praticamente falido, o Urb-Al/Victur. Caxias quase perdeu esse convênio entre a Comunidade Européia e outros municípios da região, como Bento Gonçalves e Flores da Cunha, por incompetência. Mas aí apareceu Tonus, o Salvador, e reorganizou o projeto, reapresentou-o e conseguiu de volta a verba que quase não veio.
E já que a febre do Batman voltou com tudo: "Conseguiria João Tonus salvar Caxias desse aterrorizante momento obscuro da cultura em Caxias?"
João vai tentar, mas acho que ao final de tudo, ou melhor, ao final da eleição, quem sabe até já a partir do dia 6 de outubro, Feldmann voltará ao seu posto para tentar salvar o que puder da colheita. Porque Tonus, repito: "não poderá ser cobrado por projetos dos outros". Porque é simples colocar o Tonus nesse redemoínho. Não é tarefa simples e não sei ainda como Tonus aceitou o desafio. Não falei com Tomus ainda, mas assim que falar com ele digo a vocês.
Tonus merece ser o Secretário da Cultura, mas não em uma condição dessas. Porque se ele fosse de fato uma unanimidade dentro da mega-hiper-e-tresloucada coligação da situação, Tonus já teria assumido como Secretário muito antes. Assume agura, num momento hiper delicado em que é mais fácil ser fritado do que valorizado.
Por outro lado, Tonus não terá muita autonomia, porque depende da programação de "eventos" da cidade, incluindo aí as coisas de sempre que voltam repaginadas pela Capital Intergaláctica da Cultura, e coisas de sempre, como Feira do Livro, Semanba Farroupilha (lá no campo devastado da Festuva) e por aí vai.
Já nem se fala mais em Salão do Livro Infantil... porque infelizmente há pouco tempo para correr atrás dos R$ 600 mil necessários para que o encontro aconteça. Enquanto isso, o que se vê pela previsão cultural é tempo fechado, sujeito a muita chuva, trovoadas, dias cinza, e um ou outro momento de calmaria. Infelizmente.
Mas eu confio no João Tonus e sei que, mesmo com essa instabilidade, em nada sua história vencedora e brilhante como um dos agentes culturtais mais relevantes e importantes dessa cidade, não será manchada. Nem mesmo tendo de encarar essa Secretaria da Cultura nessas condições.
Avante, João.
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