Tem dias que nem o silêncio parece acalentar a dor. Tem dias que a saudade bate forte, o medo do amanhã rasga o peito como um poema-desterro. É como se o beijo no asfalto me fizesse amanhecer com um tedioso gosto amargo na boca.
Enquanto isso, o velho embaralha as memórias. Confunde os sentimentos e continua engordando o porco morto. Piada não se explica, mas no caso, ele, o gordo, é o porco morto.
Tem dias que o frio congela os ossos. Noutros parece que o perdão é uma palavra tão sem sentido e distante, como golfinhos deslizando sobre o desero do Saara. E nem memso a Sara, a da Bíblia, reconhece-se no espelho. Bendita seja ela o fruto desejado entre tantos homens. E assim seja. E foi. E sempre será.
No outro lado do rio, um menino caolho segue enfiando as mãos pelos pés. Joga futebol como quem flutua no espaço a caça de estrelas fugazes. Mesmo ainda bem menino ele sabe que a pipa não atravessa o rio.
Nada disso é sonho. Antes fosse. É realidade que meus olhos teimam em fisgar. A mesma realidade que me lançou dentro de uma noite veloz a perseguir uma menina linda, cujo olhar me enfeitiça e me devolve a um lugar tão singelo quanto caliente. Ao meu amor, muito mais do que as batatas, como diz naquele livro que ninguém lê, escrito pelo Machado de Assis.
Ao meu amor o perfume dos meus sonhos. Noite e dia. Ao meu amor, um beijo demorado que nos arrasta para dentro de nós mesmos. Sem pudor, nem vaidades. Beijo de amor. Simplesment, e por isso mesmo delirante, amor.
Já te disse hoje que te amo?
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