Mas olha só, nem tudo é quase um filme nessa selva de Gramado.
"Memórias do Subdesenvolvimento" salvou a noite. O filme de Tomás Gutiérrez Alea, lançado em 1968 é um delicioso tapa de luva. Coloca em xeque a própria condição de Cuba como revolucionária. Mas de que e para onde - e sobretudo - por quem.
Numa primeira leitura, nem tão superficial assim, é possível identificar umas pitadas de Godard nessa película. O personagem principal não vive, ele desfila. O cara é separado, vive da renda de aluguéis e se envolveu com uma menina de 16 aninhos. Na real, ele é tudo o que o GOBIERNO REVOLUCIONÁRIO de Cuba mais odiava. Porque o cara é sensível à liberdade. Ah, essa última frase contém ironia, tá.
Mas sabe onde o filme desagua? Desagua numa teoria que é ponto central pra compreensão do flime. O nosso amigo protagonista reclama da jovem menina. Ela é gostosa e sediciosa. Tá, até aí, tudo bem. Mas o protagonista fica entediado porque ele queria uma mulher mais européia e menos caribenha. Para ele, a menina é a personificação de Cuba. Cuba subdesenvolvida.
Porque a menina é só sorrisos, quase nada de seriedade, é inconsequente, e além de tudo, não está preocupada com a questão cultural. Para o protagonista esses traços fazem de Cuba um eterno país subdesenvolvido. Porque seu povo é assim.
E qualquer semelhança com outro país das Américas aqui de baixo, dos latinos, NÃO é mera coincidência.
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