segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Dois perdidos no Palácio dos Festivais

“CASTELAR E NELSON DANTAS NO PAÍS DOS GENERAIS”, de Carlos Prates, abriu o festival. O documentário é uma colagem de trechos de filmes realizados pelo Centro Mineiro de Cinema Experimental, na década de 70, em Minas Gerais. A estrutura é ousada, porque não apresenta os filmes como em um documentário tradicional. Prates tece as cenas desconexas como se fosse uma colcha de retalhos.

No entanto, essa abordagem diferenciada só confunde o espectador. É provocador, porque em nenhum momento explica de onde vem e para onde vai. Mas infelizmente o conceito narrativo e estético não encontra eco. Prates não tinha saída. Precisava contar a história desse movimento sem traí-lo. Não podia ser só mais um documentário. O que Prates não esperava era ser engolido por essa viagem vertiginosa e perder-se na profusão dos desejos.


“VALSA PARA BRUNO STEIN”, de Paulo Nascimento, veio logo a seguir. O filme abre com um lento plano desfocado. Aos poucos conseguimos visualizar as mãos de um homem amassando argila. A forma indefinida desse monte de terra instiga porque nos transporta a inconstância do personagem Bruno Stein (Walmor Chagas). Bruno trafega entre o mundo introspectivo que aflora nas esculturas e o cotidiano arrastado e tedioso.

Mas aí, perdoem o trocadilho infame, o filme avança e não anda. Se Bruno se vê quase perdido na inquietude dos sonhos, memórias e desejos; se a morte lhe persegue à espreita; se nem a palavra de Deus o aconselha mais, por que o filme não dá conta de assombrar o espectador com o triste fim que aponta a trama? Paulo Nascimento prefere a vaguidão que sugere esse descampado ao invés de jogar o espectador para dentro da alma confusa de Bruno.

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