Faca de dois gumes
A segunda noite da competição suscitou duas sensações. Inicialmente de alívio, porque os filmes exibidos ontem, “Cocalero” e “Olho de Boi”, são melhores do que os da primeira noite. Mas depois, veio aquele incômodo “e se for só isso”?
“Cocalero“, dirigido por Alejandro Landes, acompanha o então candidato à presidente da Bolívia, Evo Morales, nas eleições de 2005. Já de cara um inconveniente, como não chegou a Gramado a cópia em 35mm do filme, o público teve de se contentar com uma versão em DVD. Azar do diretor, que vai ter uma apreciação negativa do seu filme, porque a cópia digital tinha problemas de som e fotografia.
“Cocalero” não começa bem. Transita em diferentes pontos, chuta para todos os lados, como se quisesse entender para onde tinha de apontar. A câmera à espreita, quase nunca invasiva, o chamado cinema direto, é formalismo e proposta de linguagem narrativa. No entanto, pode também servir de escudo para a falta de idéias do diretor. Alejandro Landes só acompanha o nascimento do presidente Evo. Mas e aí, era só isso?
Como contraponto veio “Olho de Boi”, de Hermano Penna. O diretor sabia para onde ir, inclusive com quais ferramentas tinha de trabalhar. E arriscou. Pecou na resolução do conflito levantado, e no desenvolvimento da narrativa, mas tem apuro estético. O roteiro pretendia desenvolver uma história baseada na tragédia Édipo Rei, mas a plasticidade acaba se sobrepondo ao enredo.
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