segunda-feira, 13 de outubro de 2008

segunda-feira sem sol

Acordei com uma estranha sensação. Meu pai se foi, mas já está aqui. Na verdade, mesmo quando estávamos distantes, sempre sentia ele por perto. E agora tenho a mesma sensação. Ele tá distante, em algum lugar que desconheço, mas sei que é perto de Deus, e mesmo assim sinto ele pertinho, cuidando e zelando por todos os passos.

A despedida em um velório nunca é fácil. Mas sabe por que foi tranqüila? Porque todas as pessoas (e tinha tanta gente, que só demonstra o quanto ele era uma pessoa querida e amável) só diziam coisas lindas sobre meu pai. E tanta gente que nunca vi na vida. E tanta gente dizendo coisas que me emocionaram. E tantos dizendo que ele havia sido um pai pra eles. Me sinti com ainda mais orgulho do meu pai. E eu que achava que já sentia tanto orgulho por ele. Senti ainda mais.

Tantas flores que chegavam e não cabiam na sala. Tantas homenagens. Tantas pessoas dizendo que é cedo, que ele tinha tanto por fazer ainda aqui, mas todos venerando a vida do meu pai. Todos orgulhosos de terem convivido com o meu pai. Todos exaltando o homem batalhador que ele foi, que nunca se deixou abater por nada nessa vida, não tinha inimigos, nem desafetos. Porque não guardava mágoa de ninguém. Nunca.

Foi bonito ver como pessoas de "mundos" tão diferentes foram lá ver meu pai. Tinha desde um motorista de camninhão da antiga empresa que meu pai ajudou a transformar em uma das mais importantes do país, passando pelo pintor da nossa casa, chegando até ao presidente da CIC. E no meio disso tudo, cineastas, empresários, artistas plásticos, cientistas, advogados, professores, DJs, políticos, gente que bota a mão na massa, jornalistas, médicos. Acho que só não tinha astronauta. Mas gente que vive no mundo da lua, sim.

Como foi bom ter sentido só olhares de gratidão e de amor. Muitos de saudade, que vai ficar pra sempre. Pai, fica bem ao lado de Deus. Estamos bem por aqui. Eu já vejo tudo diferente. Quase nada mais faz o mesmo sentido de antes. Obrigado por mais essa lição de vida, e em vida. Amar o que se faz, é uma delas. E como diz o tio Castilhos, pai do Rica:

- Só segue o exemplo do teu pai, mais nada. Só segue o exemplo dele.

Obrigado por tudo, a todos.
um beijo

Até logo.

4 comentários:

Unknown disse...

Lindo!
É isso mesmo que o tio Cláudio é, e por isso todos amavam ele.
Força!

Aninha

Anônimo disse...

Ah meu amigo!
Que tempo é esse que te faz tão triste? Se pudesse, te diria que esse tempo não existe!
Mas quem sou eu para falar de dor? Alguém que nunca sentiu a própria.

Como diria o Velho Lobo do Mar: "Nem sempre o mar está calmo quando o vendo enche as velas."
(Tudo isso é claro, com 3 ou 4 alisadas na barba...)

São dias frios assim que nos petrificam ao nos lembrar da fragilidade da vida, mas só na aparência, pois o coração escalda amor e compaixão!
Por isso amigo, estou aqui te estendendo as mãos.

Filipe Mello.

Anônimo disse...

Lamento a perda, Mugnol.

Indico um bom blues e que Deus continue confortando o coração de toda a tua família.

Estou aí pro q precisar.

Forte abraço!

Ricardo Dini

Mugnolini disse...

Mais uma vez, obrigado a todos. E Aninha, saudades. Te cuida.